No fin de semana, centenas de milhares de pessoas marcharam em várias cidades europeias e latino-americanas, como Londres, Berlim, Paris, São Paulo (Brasil), Cidade do México (México) e Buenos Aires (Argentina), em apoio aos palestinos e à tentativa de uma flotilha de ajuda de chegar a Gaza, exigindo justiça, paz e o fim da violência nos territórios palestinos.

Manifestações em Istambul e outras cidades turcas

Em Istambul, ocorreu a maior das múltiplas manifestações organizadas na Turquia. Multidões caminharam desde a icônica Hagia Sophia até as margens do Chifre de Ouro, onde foram recebidas por dezenas de barcos adornados com bandeiras turcas e palestinas. Os manifestantes pediram solidariedade muçulmana com os palestinos após as orações do meio-dia em frente à antiga catedral bizantina, agora convertida em mesquita. Na capital turca, Ancara, os manifestantes ergueram bandeiras e cartazes condenando o “genocídio” em Gaza. “Esta opressão, que começou em 1948, continuou por dois anos, transformando-se em genocídio”, declarou Recep Karabal, da Plataforma de Apoio à Palestina, na cidade de Kirikkale, no norte do país. O apoio aos palestinos é amplo na Turquia, onde a maioria da população é muçulmana, e o presidente Recep Tayyip Erdogan é um crítico destacado das operações militares de Israel em Gaza.

Protestos na Europa e apelos por paz

As manifestações fizeram parte de uma série de protestos realizados no domingo em cidades europeias para marcar o segundo aniversário do ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 a Israel, que desencadeou a guerra em Gaza. Os ataques de Israel mataram mais de 67.000 palestinos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas.

Na Holanda, cerca de 250.000 pessoas, a maioria vestida de vermelho, reuniram-se em Amsterdã para pressionar o governo a tomar medidas mais duras contra Israel. A marcha, realizada a menos de quatro semanas das eleições nacionais, ocorreu após duas manifestações da “Linha Vermelha” em Haia, que também atraíram dezenas de milhares de pessoas. Os manifestantes, após ocuparem a Praça do Museu, caminharam pelo centro da cidade carregando bandeiras palestinas e símbolos de paz. Um cartaz dizia: “Envergonhado do governo”. O governo holandês, historicamente um forte apoiador de Israel, tornou-se mais crítico nos últimos meses, à medida que o apoio internacional a Israel diminuiu. Na sexta-feira, o ministro das Relações Exteriores, David van Weel, afirmou que era improvável que concedesse uma licença de exportação para enviar peças de aviões de combate F-35 a Israel. “A violência deve parar. Lamentavelmente, estamos aqui porque temos um governo incrivelmente fraco que não ousa traçar uma linha vermelha. Por isso estamos aqui, na esperança de que isso ajude”, disse a manifestante Marieke van Zijl. Marjon Rozema, porta-voz da Anistia Internacional, uma das organizadoras, pediu o uso de “todos os meios econômicos e diplomáticos para aumentar a pressão sobre Israel”.

Espanha e Italia por Palestina. Fotos: Palestina Hoy

Fotos: SP por Lucas Martins

Luto pelas vítimas em Manchester

No Reino Unido, centenas de pessoas se reuniram para commemorar o ataque do Hamas de 2023 e lamentar as vítimas de um ataque a uma sinagoga em Manchester. Uma multidão se reuniu em frente à Catedral de Manchester, carregando bandeiras de Israel e do Reino Unido, além de cartazes pedindo a libertação de reféns mantidos pelo Hamas. Um cartaz homenageava dois homens que morreram no ataque à sinagoga durante o Yom Kipur, o dia mais sagrado do ano judaico, declarando que sua “coragem nunca será esquecida”. O atacante foi abatido pela polícia na quinta-feira em frente à Sinagoga da Congregação Hebreia de Heaton Park, após atropelar pedestres e atacá-los com uma faca.

Manifestações em Paris, Bulgária e Marrocos

Em Paris, uma manifestação pediu a libertação dos reféns mantidos pelo Hamas, com centenas de pessoas marchando pelas ruas, muitas delas segurando ou envolvidas em bandeiras de Israel, gritando “Libertem os reféns”, dos quais cerca de 20 ainda estariam vivos.

Na capital búlgara, Sófia, os manifestantes marcharam com cartazes que diziam “Gaza: A fome é uma arma de guerra” e “Gaza é o maior cemitério de crianças”. Os organizadores expressaram o desejo de “homenagear os heróis da Flotilha Global Sumud”, incluindo o ativista búlgaro Vasil Dimitrov. “Nossa sociedade, e o mundo, precisam ouvir que estamos com o povo palestino”, declarou a manifestante Valya Chalamova.

Em Rabat, capital do Marrocos, pessoas de diversos setores da sociedade saíram às ruas em apoio aos palestinos em Gaza, muitas vestindo kufiyas árabes. Uma bandeira israelense foi queimada perto da frente da marcha, enquanto alguns exigiam que o Marrocos revertesse sua decisão de cinco anos atrás de normalizar as relações com Israel. Os manifestantes também pediram a libertação de ativistas da flotilha, incluindo o defensor dos direitos humanos marroquino Aziz Ghali, que permanece em uma prisão israelense.

Protestos na Espanha e outras cidades

Um dia após manifestações massivas em Roma, Barcelona e Madri, milhares de pessoas realizaram marchas menores em várias cidades espanholas, como Santiago e Gijón, pedindo o “fim do genocídio” e a interrupção das relações comerciais com Israel. Em Gijón, um grupo de mulheres marchou carregando fardos brancos simbolizando os corpos de crianças mortas em Gaza. Outras manifestações menores ocorreram em Paris, Lisboa, Atenas, Skopje (Macedônia do Norte), Londres e Manchester.

Fonte: Los Angeles Times