
Conheça Kaouther Ben Hania, cineasta tunisiana premiada no Festival de Veneza 2025
Baseado na história real de uma menina palestina, seu filme recebeu 23 minutos de aplausos e já foi escolhido para representar a Tunísia no Oscar de 2026
Por Christina Gonçalves
Kaouther Ben Hania nasceu em 27 de agosto de 1977, na Tunísia. É diretora e autora, conhecida por seu trabalho em Sawt al-Hind Rajab (2025), O Homem que Vendeu sua Pele (2020) e As 4 Filhas de Olfa (2023).
Estudou na École des Arts et du Cinéma (EDAC), na Tunísia, e posteriormente na La Fémis e na Sorbonne, em Paris. Foi indicada ao Oscar de Melhor Filme Internacional em 2021 pelo longa The Man Who Sold His Skin. Hoje, é considerada uma das vozes mais potentes do cinema árabe contemporâneo, destacando-se pela forma como utiliza o cinema para expor tensões sociais e dar visibilidade a histórias silenciadas.
A cineasta tunisiana Kaouther Ben Hania conquistou o Grande Prêmio do Júri na edição deste ano do Festival de Veneza, encerrada no último sábado (6). Ela foi premiada pelo filme The Voice of Hind Rajab, inspirado na trágica história real da menina palestina Hind Rajab (2018-2024). A obra recebeu 23 minutos de aplausos, feito inédito no festival italiano.
O filme recria as longas horas de 29 de janeiro de 2024, em um centro de emergências do Crescente Vermelho Palestino em Ramallah, na Cisjordânia, onde trabalhadores tentaram salvar a criança, refugiada em um carro junto a seis familiares. Foram utilizadas gravações reais da chamada telefônica em que Hind Rajab pedia socorro.
A produção foi escolhida para representar a Tunísia no Oscar de 2026. Em entrevista, a diretora destacou a importância de que um filme como esse tenha ampla visibilidade e expressou o desejo de que seja exibido em todo o mundo.
O longa deve estrear nos cinemas da Tunísia em 17 de setembro. Ao divulgar seu filme de forma mais ampla possível, Kaouther Ben Hania busca dar um rosto não apenas à menina, mas também aos trabalhadores do Crescente Vermelho.
A obra da diretora era um dos seis filmes assinados por mulheres entre os 21 que competiam pelo Leão de Ouro nesta edição do Festival de Veneza. Os outros eram: Girl, da taiwanesa Shu Qi; Casa de Dinamite, da americana Kathryn Bigelow; À pied d’œuvre, da francesa Valérie Donzelli; Silent Friend, da húngara Ildikó Enyedi; e The Testament of Ann Lee, da norueguesa Mona Fastvold.
A mãe de Hind Rajab deu sua “bênção” para que o filme fosse realizado, expressando o desejo de que “a voz de sua filha não fosse esquecida”. Já os funcionários do Crescente Vermelho passaram longos períodos em conversa com os atores palestinos que os interpretaram no filme, rodado na Tunísia.
The Voice of Hind Rajab também será exibido nos festivais de Toronto, Londres, San Sebastián e Busan.