
Força mineira nas telas: Mostra de Cinema de Fama reafirma o Sul de Minas no mapa do audiovisual
8ª edição do evento aconteceu entre os dias 14 e 17 de agosto
Por Maíra Aragão
Com pouco mais de 3.500 habitantes, a cidade de Fama, no Sul de Minas, transformou-se novamente em um dos principais pontos de encontro do cinema brasileiro. Entre os dias 14 e 17 de agosto, a 8ª Mostra de Cinema de Fama levou produções mineiras, nacionais e internacionais para a praça pública, às margens do “Mar de Minas”, a Represa de Furnas, reunindo moradores locais e públicos vindos de diversas cidades da região e de outros estados.
Mais do que uma celebração das telas, o festival consolidou-se como um espaço estratégico de difusão, articulação e fortalecimento do cinema mineiro, provando que cidades pequenas também podem sediar eventos de grande impacto cultural e regional.
“É muito importante que essas janelas se abram no interior, sobretudo para os curtas-metragens, que são a base do cinema. É o momento de acompanhar o que se desenvolve e o que é produzido no estado, conhecendo novas narrativas, linguagens e talentos”, afirma Mônica Trigo, jurada e consultora da Mostra.
Os reconhecimentos desta edição reforçam a vitalidade da produção mineira. Na Mostra Mineira, o prêmio de Melhor Filme foi para “No Início do Mundo”, de Gabriel Marcos, cineasta de Contagem. O curta musical retrata a realidade de sua comunidade com autenticidade, conquistando o júri pela originalidade da narrativa e pela capacidade de articular descobertas pessoais e artísticas em uma trama sensível sobre identidade e criação.
Reafirmando o Sul de Minas como potência audiovisual, o filme “Aruê, Jerônimos”, de Matheus José Vieira (Passos), recebeu Menção Honrosa. A obra mergulha na cultura popular mineira e destaca sua permanência como memória coletiva. O curta reafirma a importância de resgatar e valorizar tradições como forma de resistência e preservação do patrimônio cultural imaterial, evidenciando a riqueza do Sul de Minas.

Um dos momentos de diálogo do festival foi o Encontro de Pontos de Cultura Exibidores, que reuniu ponteiros do Sul de Minas para discutir estratégias de atuação em rede, tendo como objetivo potencializar a produção regional e ampliar a circulação do cinema mineiro.
No encontro, foram debatidos desafios enfrentados pelos exibidores, possibilidades de fortalecimento conjunto e caminhos para a formação de novos públicos. Essa articulação aponta para maior integração entre cidades da região e para a descentralização da difusão audiovisual.
“A Mostra Fama tem imensa importância para a difusão do cinema brasileiro e mineiro. Além disso, dá visibilidade à política cultural voltada para os interiores, tanto na difusão quanto na produção. No encontro, debatemos sobretudo a questão da exibição, nossos gargalos e necessidades, para criar uma rede coesa que busque melhorias para o setor e maior inclusão dos Pontos de Cultura no acesso a recursos do audiovisual”, destacou Patrícia Rodrigues, representante da Rede Mineira de Pontos de Cultura e diretora-curadora do Cine Degusta, de São Lourenço (MG).

Mais do que anunciar vencedores, a 8ª Mostra reafirmou que o cinema mineiro está em expansão, encontrando novos caminhos de difusão e tecendo alianças que vão além da exibição. O encontro entre criadores, público e redes culturais projeta um futuro em que o Sul de Minas terá papel ainda mais protagonista no audiovisual brasileiro.
Para a diretora da Mostra, Aryanne Ribeiro, que também representa o audiovisual no Conselho Estadual de Política Cultural (CONSEC), o evento cumpre um papel fundamental. “A Mostra reafirma a importância de criar pontes entre a produção local e os circuitos nacionais e internacionais. Ao reunir moradores de Fama e de dezenas de cidades vizinhas, consolidamos um festival que fortalece identidades regionais e projeta o Sul de Minas no cenário audiovisual brasileiro.”