
Som do inusitado: A arte percussiva de Maria Anália
Percussionista, educadora musical e pesquisadora de instrumentos não convencionais. Atua na cena mineira com invenção sonora.
Nascida em Belo Horizonte, a multiartista Maria Anália tem esculpido sua trajetória com as mãos na madeira, nos tambores e no inesperado. Percussionista, educadora musical, pesquisadora e construtora de instrumentos não convencionais, ela é um dos nomes mais inventivos da nova cena mineira. Maria estuda Música na Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) e demonstra como a arte, a curiosidade e a resistência se conectam de forma autêntica e profunda.
Das revistinhas ao palco do UAKTI
Tudo começou aos 13 anos, com um violão velho e revistinhas do Legião Urbana. A trilha sonora da adolescência deu espaço, anos depois, a um mergulho profundo na musicalização: aos 22 anos, entrou no Arena Livre de Cultura, onde teve o primeiro contato formal com a percussão. Dois anos depois, já no CEFART – Centro de Formação Artística e Técnica do Palácio das Artes – expandiu ainda mais seus horizontes ao estudar percussão, regência e tuba.
Foi nesse período que Maria Anália se envolveu com a construção de instrumentos ao lado do músico Leandro César, colaborando na criação de marimbas feitas de madeira e porcelanato, além de outras engenhocas sonoras inusitadas. A experiência a levou ao trabalho com o lendário grupo UAKTI, onde atuou como assistente de palco – um divisor de águas em sua formação artística e técnica.
Sucata que vira som
Na UFSJ, Maria liderou dois projetos de criação artística que reafirmam sua vocação para a reinvenção sonora: “Sucata ao Som” e “Lu Amò”, ambos dedicados à construção de instrumentos não convencionais. Ela transforma materiais reaproveitados em possibilidades musicais, fundindo arte e ecologia em experiências sensoriais e educativas.
Parcerias que ecoam
Além dos projetos autorais, Maria Anália atua como instrumentista ao lado de nomes que representam a diversidade e força da música contemporânea mineira e brasileira. Entre os muitos com quem já dividiu o palco ou estúdio estão Isis Ferreira, Samuel Rabay, Bruna Guimarães, Madú Marambá, Ana Toste, Pablo Araújo e Paulinho Breu.
Sua sensibilidade também se estende à criação de trilhas sonoras em colaboração com artistas das artes cênicas e visuais, como Elizabeth Ramos, Iasmin Alice, Marlon de Paula, Ana Pi Videira, Hana Brener e a Cia Seu Zé.
Um som que é só dela e de todo nós
Maria Anália é educadora musical por vocação, comprometida com o acesso à música e a experimentação como linguagem viva. Sua atuação vai muito além do palco, ocupando escolas, oficinas e projetos sociais. Sua música nasce da tradição e da inovação. Faz parte da cena sonora mineira que pulsa com força e diversidade, refletindo um Brasil experimental, profundo e necessário. O som de Maria é singular, coletivo e raiz — uma voz que ecoa Minas e ressoa em todos nós.
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