Por Daniel Garcês

Entre os dias 1º e 7 de agosto é realizada a Semana Mundial do Aleitamento Materno, ação que integra a campanha Agosto Dourado, dedicada à promoção da amamentação. Neste ano, o tema escolhido é “Possibilitando a amamentação: fazendo a diferença para mães e pais que trabalham”, com o objetivo de reforçar a importância de ambientes laborais que acolham e incentivem essa prática.

A temática foi proposta pela Aliança Mundial para Ação em Aleitamento Materno (WABA), uma rede global de indivíduos e organizações que atuam na proteção, promoção e apoio à amamentação. Com status consultivo junto à UNICEF e ao Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (ECOSOC), a WABA baseia seu trabalho em documentos como as Declarações de Innocenti e a Estratégia Global da OMS/UNICEF para Alimentação de Bebês e Crianças Pequenas. A organização colabora com parceiros internacionais como OMS, UNICEF, ILCA, IBFAN, Liga La Leche e a Academia de Medicina da Amamentação.

No Brasil, iniciativas como a Sala de Apoio à Amamentação da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), em Brasília, reforçam esse compromisso. Localizado no 3º andar da sede do órgão, o espaço é voltado para servidoras, colaboradoras, gestantes e lactantes que utilizam os serviços da instituição. O local funciona durante o expediente e oferece acolhimento e privacidade para as mulheres que desejam amamentar ou realizar a extração de leite.

Recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a amamentação é considerada essencial para a saúde do bebê e da mãe. Especialistas afirmam que a prática pode prevenir ou reduzir riscos de doenças crônicas, alergias e outras alterações orgânicas, além de fortalecer o vínculo afetivo entre mãe e filho.

E para marcar essa semana especial, confira uma seleção de obras cinematográficas que abordam o universo da maternidade sob diferentes perspectivas:

De Peito Aberto

Direção: Graziela Mantoanelli
Onde assistir: DOC TV

O documentário acompanha a trajetória de seis mães de diferentes contextos socioculturais nos primeiros 180 dias de vida de seus bebês. O foco está no desafio de manter o aleitamento materno exclusivo durante o período recomendado pela OMS. Da primeira mamada ainda na sala de parto ao depoimento final, seis meses depois, o filme registra emoções intensas, dilemas cotidianos e reflexões profundas. Ao longo da jornada, surgem temas como o papel da mulher na sociedade contemporânea, as múltiplas configurações familiares, a conciliação entre maternidade e carreira, o impacto das políticas públicas de amamentação e as pressões do mercado que incentivam o desmame precoce.

Os Garotos da Minha Vida

Direção: Penny Marshall
Onde assistir: Prime Video

Ambientado nos anos 1960, o filme acompanha a história de Beverly D’Onofrio (Drew Barrymore), uma adolescente de uma pequena cidade do interior dos EUA que sonha em entrar na universidade e se tornar escritora. No entanto, seus planos mudam drasticamente quando, aos 15 anos, ela engravida de Ray Murphy (Steve Zahn), um motoqueiro com quem se relacionava há poucas semanas. Temendo que a filha siga sozinha, seus pais a obrigam a se casar com Ray e abandonar os estudos para cuidar do bebê. Apesar das dificuldades, Beverly não desiste de seus sonhos. A narrativa é contada da perspectiva de uma jovem mãe que precisa renunciar a parte de si para criar o filho, com diálogos sinceros que despertam identificação imediata. O filme também lança luz sobre questões como a ausência paterna na criação dos filhos e os dilemas cotidianos enfrentados por tantas mulheres, independentemente da idade.

Tully

Direção: Jason Reitman
Onde assistir: HBO Max

Estrelado por Charlize Theron, o filme retrata com sensibilidade o esgotamento físico e emocional da maternidade. Marlo, mãe de três filhos — incluindo um recém-nascido —, vive exausta, mergulhada em uma rotina que exige entrega total e deixa pouco espaço para si mesma. À beira de uma depressão pós-parto, ela recebe um presente inesperado do irmão: uma babá noturna. Inicialmente resistente à ideia, Marlo acaba aceitando a ajuda e se surpreende com Tully (Mackenzie Davis), uma jovem cuidadora que transforma sua rotina e provoca reflexões profundas sobre maternidade, identidade e autocuidado.

Olmo e a Gaivota

Direção: Petra Costa e Lea Glob
Onde assistir: HBO Max

Olívia (Olivia Corsini) é uma atriz que se prepara para encenar A Gaivota, de Anton Tchekhov, quando descobre estar grávida. À medida que os ensaios avançam, a gestação também evolui, até que um acidente a obriga a se afastar da montagem, agora protagonizada por seu companheiro. Confinada em casa durante semanas, ela enfrenta as mudanças intensas em seu corpo, em sua rotina e em sua identidade. O filme mistura ficção e documentário para narrar a jornada de um casal de atores vivendo na França, lançando um olhar sensível sobre os desafios físicos e emocionais enfrentados pela mulher nesse período de profunda transformação.

Como Nossos Pais

Direção: Laís Bodanzky
Onde assistir: Netflix

Rosa (Maria Ribeiro), aos 38 anos, vive um momento de intensos conflitos pessoais e geracionais. Enquanto tenta lidar com os desafios da maternidade, manter seus sonhos vivos, equilibrar a carreira e enfrentar um casamento em crise, ela também segue sendo filha de Clarice (Clarisse Abujamra), com quem mantém uma relação marcada por atritos e cobranças. O longa mergulha nas complexidades da vida adulta feminina, mostrando como Rosa se desdobra entre os diversos papéis que ocupa. Um dos pontos fortes do filme é a maneira como aborda a maternidade em suas múltiplas camadas — tanto no papel de mãe quanto de filha —, revelando as tensões e afeições que atravessam gerações.