Putafeminismo: celebrar a vivência e produção cultural das trabalhadoras sexuais
Entre os dias 23 e 29 de março de 2025, Campinas e São Paulo serão palco de uma série de eventos culturais feministas que incluem lançamentos de livros, monólogos teatrais, cine debates, rolêzinho e podcast.
Entre os dias 23 e 29 de março de 2025, Campinas e São Paulo serão palco de uma série de eventos culturais feministas que incluem lançamentos de livros, monólogos teatrais, cine debates, rolêzinho e podcast. A programação destaca duas grandes obras contemporâneas: Puta História, autobiografia da ativista Fátima Medeiros, e Neca, um romance em bajubá, de Amara Moira.
Puta História (Agência Exponence) narra mais de 30 anos de trabalho sexual e de militância de Fátima Medeiros, fundadora da APROSBA e coordenadora da ANPROSEX, pelos direitos das trabalhadoras sexuais no Brasil. Já Neca (Companhia das Letras) é uma prosa vulcânica e irreverente escrita em bajubá, que tematiza as experiências de uma travesti prostituta no Brasil e na Europa.
O projeto Lançamento do Puta História em Campinas foi contemplado pelo edital Salvador Circula com recursos financeiros da Fundação Gregório de Mattos, Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, Prefeitura de Salvador e da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB), Ministério da Cultura, Governo Federal. Os eventos contam ainda com patrocínio da Fatal Model e apoio financeiro do Museu da Diversidade Sexual.
Confira a programação completa:
- 23/03 às 17h – lançamento de livros, roda de conversa e apresentação do monólogo Gabri[ELAS] de Fernanda Viacava, em parceria com Associação Mulheres Guerreiras
- R. Dracena, nº 147 – Jardim Itatinga, Campinas – SP, 13052-444
- 24/03 às 14h – Exibição de documentário e debate com Fátima e Carolina Medeiros no Miniauditório do Centro Cultural do IEL
- R. Sérgio Buarque de Holanda, n.º 571 – Cidade Universitária, Campinas – SP, 13083-859
- 24/03 às 16h – Apresentação e lançamento de livros no Clube de Leituras Feministas Pagu, sessão de autógrafos e venda de exemplares na Biblioteca Beth Lobo
- R. Cora Coralina, 100 – Cidade Universitária, Campinas – SP, 13083-896
- 25/03 às 14h – gravação de episódio de podcast Mulheres em (diZ)curso (evento fechado)
- 29/03 no Museu da Diversidade Sexual
- às 15h – Rolezinho LGBTQIAPN+ com Margareth Rago e MaFê Moreira
- às 17h – exibição do documentário Rosas do Asfalto e cinedebate com Fátima Medeiros
- às 18h – lançamento de livros, sessão de autógrafos e venda de exemplares
- Estação República do Metrô. Rua do Arouche – República, São Paulo – SP, 01045-001
Autoras e obras
Puta História (ed. Agência Exponence)
O livro Puta História é um relato pessoal e poderoso de Fátima Medeiros. Fátima Medeiro é nordestina, paraibana e filha de agricultores. Aos 15 anos, iniciou sua vida profissional em uma fábrica de costura, onde trabalhou como operadora de máquinas e tecelã. Também exerceu as funções de recepcionista, vendedora e trabalhadora sexual. Em 1998, fundou a Associação de Profissionais do Sexo da Bahia (APROSBA) e, em 2016, a Articulação Nacional das Profissionais do Sexo (ANPROSEX). Em 2024, lançou sua autobiografia Puta História, realizando diversas atividades de circulação da obra. A obra é um relato de si sensível e intrigante, atravessado por temas como maternidade, amizades, locais de trabalho e trajetória na militância, que nos convida à reflexão sobre superação, persistência e a luta por dignidade e respeito em uma sociedade que marginaliza e estigmatiza as trabalhadoras sexuais.

Neca (ed. Cia. Das Letras)
Neca é um livro escrito em bajubá, em que uma travesti reencontra um antigo amor, mais jovem, que começa a trabalhar nas ruas. Ela compartilha conselhos, lembranças e reflexões sobre suas experiências como prostituta no Brasil e na Europa. Em uma prosa única, ela revisita obras e autores centrais do cânone literário, aplicando sua criatividade para enxergar a literatura com os olhos de quem aprendeu na rua, como se aprende o bajubá. Publicado pela primeira vez na antologia A Resistência dos Vaga-Lumes (2019), o monólogo agora aparece em versão expandida, mantendo o humor e a sofisticação literária que são marca registrada de sua autora. Amara Moira, nascida em Campinas (1985), é escritora, professora e ativista transfeminista. Doutora em Teoria Literária pela Unicamp, foi a primeira mulher trans a concluir o doutorado na instituição utilizando seu nome social. Ela é autora de E se eu fosse puta (2016), que narra suas experiências como profissional do sexo, e coautora de Vidas Trans: a coragem de existir (2017). Amara promove diálogos sobre transfeminismo, literatura e regulamentação da prostituição, sendo reconhecida por sua produção literária engajada e atuando também como colunista da Mídia Ninja.

Produção
MaFê Moreira é produtora cultural, educadora popular e pesquisadora em Linguística com foco em Análise do Discurso. Ela atua desde 2013 na concepção, coordenação e execução de projetos culturais e educativos que promovem o combate ao estigma e a luta por reconhecimento político das profissionais do sexo. Com experiência em políticas públicas culturais e financiamento por editais, destaca-se pela capacidade de articular redes colaborativas e fomentar ações voltadas à democratização do acesso à cultura. Suas iniciativas incluem: produção de autobiografias, de documentários, de podcasts, apoio à realização de eventos culturais e científicos, bem como articulação com movimentos sociais, instituições públicas e privadas, e comunidades locais para garantir a sustentabilidade e o impacto social dos projetos. Saiba mais.
Fátima Medeiros é ativista social e cultural, fundadora da Associação de Profissionais do Sexo da Bahia (APROSBA), onde atua desde 1997 na defesa dos direitos humanos e trabalhistas das trabalhadoras sexuais. Com uma trajetória marcada pela luta contra o estigma, Fátima organiza eventos como o Puta Dei, que celebra a história e resistência das trabalhadoras sexuais, e realiza oficinas de capacitação para a promoção de segurança e autonomia. A autora da autobiografia Puta História participou do 13º Fórum Internacional da AWID e da conferência AIDS 2018 em Amsterdã. Sua atuação inclui parcerias com instituições como a Secretaria de Saúde da Bahia, Fundo Elas da ONU Mulheres, entre outros, que fortalecem a representatividade das mulheres LGBTQIAPN+ e negras. Reconhecida nacional e internacionalmente, Fátima foi agraciada com o Prêmio Esperança Garcia (2024) por sua contribuição à igualdade racial e à valorização das culturas populares, fazendo dela uma liderança respeitada na Bahia e em outras regiões do Brasil. Saiba mais.
Gabri[ELAS]
Gabriela é a personagem dessa ficção que, baseada em fatos reais, se apropria de sua trajetória e a transforma num ensaio corporal sobre a mulher e sua luta pela liberdade, numa união entre teatro e audiovisual.
- Ficha técnica
- Concepção e Idealização: Caroline Margoni, Elaine Bortolanza, Fernanda Viacava e Malú Bazán
- Dramaturgia: Caroline Margoni
- Direção: Malú Bazán
- Elenco: Fernanda Viacava
- Pesquisa e curadoria: Elaine Bortolanza
- Memória e curadoria: Lourdes Barreto
- Direção de Arte: Kabila Aruanda
- Trilha Sonora: Nina Blauth e Girlei Miranda
- Música original: Nina Blauth
- Criação audiovisual: Cassandra Mello (Teia Documenta)
- Assistência de criação audiovisual: Ciça Lucchesi
- Iluminação: Cristina Souto
- Identidade Visual: Manuela Afonso
- Operação de luz: Nara Zocher
- Operação de Vídeo e som: Ciça Lucchesi
- Fotos: Cassandra Mello e Ronaldo Gutierrez
- Produção Geral: Clotilde Produções Artísticas