Por Lohuama Alves

Com uma carreira marcada por produções de impacto, Rodrigo Teixeira se destaca no cenário cinematográfico nacional e internacional, levando o audiovisual brasileiro a grandes conquistas. Agora, com Ainda Estou Aqui, a possibilidade de uma premiação no Oscar se torna uma nova realização para o produtor e sua equipe.

A adaptação do livro de Marcelo Rubens Paiva conquistou público e crítica com sua narrativa emocionante sobre amor, perda e superação. O longa retrata a história real de Eunice Paiva e sua luta para descobrir o paradeiro de seu marido, Rubens Paiva, um ex-deputado desaparecido durante a Ditadura Militar no Brasil.

Ainda Estou Aqui concorre ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz, para Fernanda Torres, destacando a indústria brasileira do cinema em sua melhor fase desde o início da pandemia de Covid-19 e superando todos os desafios enfrentados durante a produção da obra.

Em entrevista à Cine Ninja, neste sábado (1), Rodrigo compartilhou um pouco dos bastidores da produção do filme, os desafios da adaptação do projeto e até a inusitada inspiração que o levou a eternizar essa experiência na pele.

Foto: Arquivo pessoal 

Teixeira relembrou sua relação de longa data com a produtora de Walter Salles e como essa parceria foi fundamental para o início de sua carreira.

“Eu conheço a produtora do Walter Salles há 27 anos. Eles foram as primeiras pessoas a abrirem as portas do cinema para mim, em 1998, na pós-produção de Central do Brasil”. A colaboração para Ainda Estou Aqui começou oficialmente em 2021, durante a pandemia, e a produção avançou, de fato, em 2023. As filmagens ocorreram em Londres e no Brasil, finalizando em dezembro do mesmo ano”, disse Rodrigo.

Os desafios da produção

De acordo com Teixeira, a equipe se adaptou bem ao estilo minucioso de Walter Salles. “O Walter é um cara super meticuloso, super detalhista. Então, ele direcionou bem o que queria, nos mínimos detalhes”, explicou. Para garantir a veracidade do filme, foram reunidos grandes nomes da indústria, como Carlos Conti na direção de arte e Cláudia Kopke no figurino. “Nada disso seria possível se o Walter Salles não estivesse por trás, pois o grau de exigência dele é muito alto”, completou.

A repercussão e as expectativas para o Oscar

Com o filme aclamado pela crítica, Teixeira destacou a importância desse reconhecimento. “A repercussão tem sido muito positiva. A gente tá muito feliz com o que tem falado sobre o filme, do ponto de vista crítico e do que a gente quis fazer”, afirmou.

Sobre as expectativas para o Oscar, ele destacou a vitória simbólica que a nomeação já representa. “A expectativa do Brasil é o máximo de prêmios que a gente vai levar, mas a nossa expectativa já foi muito conquistada. A nomeação já é uma vitória muito importante”, ressaltou.

O elenco e a parceria com Selton Mello e Fernanda Torres

Trabalhar com Selton Mello e Fernanda Torres foi um momento especial para Teixeira, que já tem uma longa amizade com o ator. “O Selton é meu amigo há 20 anos. O primeiro filme que eu fiz no Brasil, eu fiz com ele, O Cheiro do Ralo. Sou um grande admirador da pessoa e do profissional que ele é”, contou. Sobre Fernanda Torres, ele revelou um sonho realizado: “Para mim, foi um sonho poder trabalhar com ela. Estar envolvido em alguma coisa que ela está envolvida, e o filme me trouxe essa possibilidade. Então, eu realizei esse sonho. Ela é uma grande atriz, e o que ela fez por esse filme é inacreditável.”

Uma marca para a vida

O impacto do filme na vida de Teixeira foi tão profundo que ele decidiu eternizá-lo em sua pele. “Fazer a tatuagem foi um impulso muito grande. Na hora que a gente foi nomeado ‘Melhor Filme’, eu tive que responder essa nomeação. Como foram anos difíceis, eu escrevi ‘Resiliência’, que pra mim é muito importante, e na sequência ‘A vida presta’”, revelou. “Pra gente chegar até aqui, de fato, a vida presta. Então tatuei para lembrar todo dia que a vida presta e não esquecer disso.”

Ainda Estou Aqui segue fazendo história e consolidando o cinema brasileiro no cenário mundial. Agora, resta aguardar a grande noite do Oscar para ver até onde essa jornada levará Teixeira, Walter Salles e toda a equipe do filme.

Carreira de Rodrigo Teixeira

Teixeira é um dos produtores brasileiros mais renomados internacionalmente. Ele foi responsável por sucessos como O Cheiro do Ralo (2006), A Vida Invisível (2019) e Me Chame Pelo Seu Nome (2017), este último indicado ao Oscar, além de Frances Ha, A Bruxa e Mistress America. Em Veneza, estreou The Wasp Network, de Olivier Assayas, com Wagner Moura, e Ad Astra, de James Gray, estrelado por Brad Pitt.

Rodrigo também se destacou no Festival de Cannes, onde já levou vários filmes e consolidou sua presença na indústria cinematográfica mundial.

Texto produzido em colaboração a partir da Comunidade Cine NINJA. Seu conteúdo não expressa, necessariamente, a opinião oficial da Cine NINJA ou Mídia NINJA.