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‘Wicked’ e sua importância para a comunidade LGBTQIAPN+
O subtexto sobre diversidade fica claro dentro e fora das câmeras, principalmente pela escolha do elenco.
Por Lucas de Paula
‘Wicked’, inspirado no musical de 2003 e no livro de 1995, narra a história de Elphaba, uma bruxa que passa a vida sendo rejeitada por ser verde, e Glinda, a Bruxa Boa do Sul. O ponto de partida da história é a morte de Elphaba, a Bruxa Má do Oeste. A partir daí, somos apresentados ao seu passado e à forma como sua amizade com Glinda se desenvolveu.
O musical pode parecer simples, mas funciona como uma alusão aos preconceitos de toda uma sociedade. Se, na história, Elphaba é rejeitada por ser verde, na vida real poderia ser alguém que ama pessoas do mesmo gênero (ou qualquer outra minoria). E é por isso que a obra, do teatro aos cinemas, é tão abraçada pela comunidade LGBTQIAPN+.
Além disso, há Jonathan Bailey, intérprete de Fiyero, que se identifica como gay. O subtexto sobre diversidade fica claro dentro e fora das câmeras, principalmente pela escolha de atores LGBTQIAPN+ para o elenco, como a própria Elphaba, interpretada por Cynthia Erivo. O ator chegou a revelar que já ouviu que precisaria esconder sua sexualidade para conseguir papéis. Além dele, há Bowen Yang e Bronwyn James, que dão vida a Pfannee e ShenShen, respectivamente. Ambos se identificam como queer. É dessa forma que o discurso sai do papel e se torna real além das telas: dando oportunidades para as minorias que o próprio filme defende.
A marginalização sofrida por Elphaba em uma sociedade que valoriza um padrão a ser seguido pode ser interpretada como uma alusão às expectativas de gênero e sexualidade impostas a cada um de nós. A metáfora ganha força ainda maior em uma época em que os direitos da comunidade estão sendo revogados. Some-se a isso a escolha de uma diva pop adorada pelo público LGBTQIAPN+ para interpretar Glinda, e a fórmula para agradar a comunidade está pronta.
A multifacetada relação entre Elphaba e Glinda, que vai de inimigas a amigas, é outro fator que anima os fãs da comunidade LGBTQIAPN+. Os mais ousados interpretam a relação como algo além da amizade. Em entrevistas, Ariana Grande já sugeriu que Glinda poderia ser “um pouco no armário”, indicando uma possível inclinação queer da personagem. Apesar de o romance original não abordar isso, o subtexto está aí para quem quiser interpretar da forma que preferir.
Em um mundo onde ser uma clean girl — a garota básica — está na moda e os direitos essenciais da comunidade LGBTQIAPN+ são constantemente atacados, é preciso resistir, seja por meio da arte ou fora dela.
Texto produzido em colaboração a partir da Comunidade Cine NINJA. Seu conteúdo não expressa, necessariamente, a opinião oficial da Cine NINJA ou Mídia NINJA.