
Oscar 2025: O ano das mulheres e a força da atuação de Fernanda Torres
Performances femininas dominam a premiação e reafirmam a diversidade no cinema.
Por Noelle Pedroso
O Oscar de 2025 será lembrado como um marco para as mulheres na indústria cinematográfica. As indicações deste ano refletem a força do talento feminino e a diversidade de narrativas que vêm conquistando espaço em produções de prestígio. Entre veteranas que reinventam suas carreiras, cineastas que rompem barreiras e atrizes que fazem história, um dos maiores destaques da temporada é a brasileira Fernanda Torres, indicada por sua atuação em Ainda Estou Aqui, de Walter Salles.
Com uma atuação minimalista e emocionante, Torres segue os passos de sua mãe, Fernanda Montenegro, e reafirma a posição do Brasil no Oscar. Mas ela não está sozinha: sua indicação ocorre em um ano repleto de performances femininas marcantes, que vão desde o horror psicológico até o drama intimista.
Entre os grandes momentos desta temporada de premiações, está a consagração de Demi Moore. Aos 62 anos, a atriz, que enfrentou desafios ao longo de sua carreira — incluindo etarismo e o rótulo de estrela de filmes comerciais — ganhou o Globo de Ouro de Melhor Atriz em Comédia por A Substância, de Coralie Fargeat. A ironia está no fato de que o longa, uma narrativa sobre os padrões de beleza, é essencialmente um filme de terror, gênero historicamente ignorado pela Academia.
A indicação de Moore ao Oscar marca um renascimento artístico e o reconhecimento de sua versatilidade. Com uma atuação intensa e perturbadora, ela desafia os estereótipos de idade e beleza impostos às mulheres na indústria cinematográfica.
Se Moore representa a reinvenção de uma estrela, Coralie Fargeat simboliza o longo caminho que as diretoras ainda precisam percorrer em Hollywood. Responsável por A Substância, a cineasta francesa foi a única mulher indicada ao Oscar de Melhor Direção, um reflexo da persistente desigualdade de gênero nos bastidores do cinema.
Apesar do reconhecimento, sua presença isolada na categoria reforça a dificuldade que as diretoras enfrentam para ter seus trabalhos validados pela indústria. O gênero de terror, que frequentemente sofre com a falta de indicações, encontra em Fargeat uma voz que desafia a Academia.
Outro momento histórico é protagonizado por Karla Sofía Gascón, a primeira mulher transgênero a ser indicada na categoria de Melhor Atriz. Sua presença na premiação simboliza um avanço para a diversidade e a inclusão, ainda que venha acompanhada de debates e polêmicas.
O reconhecimento de sua atuação levanta discussões sobre o espaço de artistas trans em papéis de destaque e sobre como a Academia está, aos poucos, abrindo suas portas para novas perspectivas e identidades.
Entre as indicadas, Cynthia Erivo também faz história ao ser a única mulher negra nomeada na categoria principal de atuação. A atriz britânica, já aclamada por seu talento no teatro e no cinema, conquista uma nova indicação ao Oscar por sua performance como Elphaba na adaptação cinematográfica do musical Wicked.
O desafio de interpretar uma das personagens mais icônicas da Broadway não foi pequeno, mas Erivo entregou uma atuação arrebatadora, equilibrando o canto poderoso com uma carga dramática intensa. Sua performance não apenas emociona o público, mas também reforça a importância da representatividade negra em grandes produções de Hollywood.
No entanto, sua indicação levanta um alerta sobre a falta de diversidade racial entre os indicados ao Oscar deste ano. Em um momento em que a indústria busca maior inclusão, Erivo se destaca como um dos poucos nomes negros na premiação, reforçando que ainda há um longo caminho a percorrer para garantir equidade real nas indicações.
Fernanda Torres representa o Brasil e o legado de sua mãe
Se há um nome que ressoa com força no cenário latino-americano desta temporada, é o de Fernanda Torres. Filha da lendária Fernanda Montenegro, a atriz brasileira conquistou público e crítica com sua interpretação em Ainda Estou Aqui. Seu desempenho sensível e introspectivo faz dela uma das candidatas mais fortes da categoria de Melhor Atriz.
O que diferencia Torres das demais indicadas é a profundidade emocional que imprime à sua personagem. Em um ano dominado por performances marcantes e intensas, sua abordagem sutil se destaca por capturar a dor e a resiliência de forma quase silenciosa. Com um inglês impecável e um sotaque latino carregado de identidade, ela tem representado o Brasil com carisma nas entrevistas e eventos da temporada de premiações.
Além disso, seu emocionante discurso no Globo de Ouro — onde relembrou a indicação de sua mãe ao Oscar por Central do Brasil, há mais de duas décadas — foi um dos momentos mais memoráveis da cerimônia.
As indicações deste ano deixam claro que o espaço das mulheres no cinema continua em expansão. Seja através da quebra de barreiras na direção, do reconhecimento de artistas trans, da valorização de atrizes veteranas ou da luta por maior representatividade racial, a diversidade feminina está mais presente do que nunca na maior premiação do cinema.
Fernanda Torres, Demi Moore, Karla Sofía Gascón, Cynthia Erivo e Coralie Fargeat representam diferentes facetas dessa transformação. Em um Oscar marcado pela força das mulheres, elas provam que talento, ousadia e inovação são os verdadeiros protagonistas da sétima arte.
Texto produzido em colaboração a partir da Comunidade Cine NINJA. Seu conteúdo não expressa, necessariamente, a opinião oficial da Cine NINJA ou Mídia NINJA.