Após uma jornada marcante em 2024, passando por quilombos e aldeias indígenas em diversas regiões de Minas Gerais, o Festeja Tradição Mineira, se prepara para uma nova e emocionante etapa. Desta vez, o projeto desembarca no noroeste mineiro, na Região da Serra das Araras, localizada no município de Chapada Gaúcha, entre os dias 19 e 23 de fevereiro de 2025, para oferecer oficinas de comunicação e produção audiovisual às comunidades locais. A iniciativa, que une o Festeja ao Minas LAB, projeto da Minas Ninja, tem como missão preservar e valorizar as tradições culturais mineiras, capacitando jovens para narrar suas próprias histórias.

Um encontro com a história e a natureza

O território é rico em história, cultura e belezas naturais. As comunidades quilombolas e veredeiras que receberão o Festeja 2025 — Buraquinhos, Barro Vermelho, São Felix, Morro do Fogo, Serra das Araras, Aldeia e Prata — são guardiãs de tradições centenárias, muitas delas ligadas à espiritualidade, à resistência quilombola e à relação harmoniosa com o meio ambiente. Todas essas comunidades fazem parte do território do Grande Sertão Veredas, imortalizado na obra de Guimarães Rosa, e carregam consigo a identidade de veredeiros, que vivem em sintonia com as veredas, um dos símbolos mais marcantes da região.

Destaque para o povoado de Serra das Araras, que nasceu há mais de 200 anos a partir da descoberta da imagem de Santo Antônio na Gruta do Coração. O local se tornou um importante centro de peregrinação e espiritualidade, conhecido por sua imagem milagrosa que, segundo a lenda, sempre retornava ao seu lugar de origem. Hoje, Serra das Araras é cercada por unidades de conservação, como a Reserva de Desenvolvimento Sustentável Veredas do Acari e o Parque Estadual Serra das Araras, oferecendo trilhas, cachoeiras e uma conexão profunda com a natureza.

Comunidades quilombolas e tradições ancestrais

As comunidades da Chapada Gaúcha carregam consigo a herança de seus antepassados. O Vão dos Buracos, composto pelos núcleos de Buraco, Buraquinho e São José do Barro Vermelho, é um exemplo de resistência e organização. Com 45 famílias quilombolas, a comunidade mantém vivas tradições como a Folia de Reis e o Lundum, dança de origem africana. Buraquinhos, além de ser uma comunidade quilombola certificada, também se reconhece como veredeira, mantendo uma relação íntima com as veredas do sertão.

A comunidade quilombola de São Félix está localizada no município de Chapada Gaúcha, próxima ao distrito de Serra das Araras. O município foi formado por um assentamento de gaúchos. Os gaúchos se misturaram com os sertanejos mineiros na região descrita por Guimarães Rosa no épico Grande Sertão Veredas. O local é ponto de encontro de culturas e das águas que correm para o São Francisco — com cerrado que ondula por serras habitadas por araras vermelhas.

A comunidade festeja em janeiro a festa de reis e São José em março. O lundun é uma dança típica da comunidade. O lundun é bastante antigo sendo poucas as comunidades que praticam o lundun atualmente. Em São Félix é praticado a dança do Quatro, Tamanduá e Carneiro.

Já o Morro do Fogo é conhecido por sua devoção a São Sebastião, tradição que remonta à pandemia da Gripe Espanhola no início do século XX. A comunidade, além de preservar suas práticas culturais, luta pela posse da terra e pela preservação do ecossistema local, ameaçado pelo desmatamento e pela expansão das monoculturas. Morro do Fogo também se identifica como uma comunidade veredeira, reforçando sua conexão com o território do Grande Sertão Veredas.

As comunidades de Barro Vermelho e Prata, reconhecidas como remanescentes quilombolas pela Fundação Cultural Palmares, também serão parte essencial dessa jornada. Ambas carregam consigo a força da ancestralidade e a determinação de manter vivas suas raízes. Barro Vermelho, assim como Buraquinhos e Morro do Fogo, se reconhece como veredeira, destacando a importância das veredas em sua cultura e modo de vida.

O Projeto Festeja – Minas LAB

Em 2025, o Festeja Tradição Mineira se une ao Minas LAB para oferecer oficinas práticas e gratuitas em 15 comunidades quilombolas e indígenas de Minas Gerais. O foco é capacitar jovens em habilidades como redes sociais, fotografia e vídeo, incentivando-os a documentar e compartilhar suas memórias e tradições. A iniciativa inclui 10 bolsas de estudo por cada imersão, garantindo a participação de jovens que desejam se tornar multiplicadores desses saberes.

As oficinas culminam na cobertura de um festejo tradicional de cada território, atividade que integra teoria e prática. Em 2024, o projeto já passou por locais como o Quilombo dos Arturos (Contagem), o Quilombo de Nossa Senhora do Rosário (Ribeirão das Neves), Aldeia Arapowã Kakya do povo Xukuru-Kariri (Brumadinho) e Aldeia Escola Floresta do povo Maxakali (Teófilo Otoni), deixando um legado de valorização cultural e empoderamento comunitário.

Sertão Veredas: próximo capítulo

A chegada do Festeja ao Sertão Veredas em 2025 promete ser um marco na trajetória do projeto. Além de fortalecer as tradições locais, a iniciativa busca ampliar a visibilidade dessas comunidades, conectando-as com o mundo por meio da comunicação digital. A Chapada Gaúcha, com suas veredas, cachoeiras e histórias de resistência, será palco de um encontro entre o passado e o futuro, onde a cultura tradicional ganha novas formas de expressão.

Para acompanhar essa jornada e conhecer mais sobre os territórios que o Festeja já percorreu ou ainda vai visitar, acesse o site do projeto e descubra como a tradição mineira continua viva e pulsante: festejatradicaomineira.org 

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Rota do Festeja Tradição Mineira (2024-2025)

2024

1. Quilombo dos Arturos  

   – Localização: Contagem/MG  

   – Destaque: Tradições afro-brasileiras e festejos religiosos.

2. Quilombo de Nossa Senhora do Rosário 

   – Localização: Ribeirão das Neves/MG  

   – Destaque: Celebrações culturais e resistência quilombola.

3. Quilombo Família Teodoro de Oliveira e Ventura

   – Localização: Patos de Minas/MG  

   – Destaque: Preservação da cultura quilombola.

4. Aldeia Arapowã Kakya (Povo Xukuru-Kariri) 

   – Localização: Brumadinho/MG  

   – Destaque: Tradições indígenas e conexão com a natureza.

5. Aldeia Escola Floresta (Povo Maxakali)

   – Localização: Teófilo Otoni/MG  

   – Destaque: Educação indígena e preservação da língua e cultura Maxakali.

2025 (Próxima Etapa)

6. Sertão Veredas / Chapada Gaúcha/MG

   – Comunidades atendidas:  

     – Buraquinhos (Vão dos Buracos): Tradições como Folia de Reis e Lundum. Comunidade quilombola certificada e veredeira.  

     – Barro Vermelho: Comunidade quilombola reconhecida pela Fundação Palmares e veredeira.  

     – São Félix: Tradições com o Lundum. Comunidade quilombola certificada e veredeira.  

     – Morro do Fogo: Devoção a São Sebastião e luta pela preservação ambiental. Comunidade veredeira.  

     – Serra das Araras: Centro de peregrinação e espiritualidade popular.  

     – Aldeia: Comunidade com forte ligação com o ecoturismo e as veredas.  

     – Prata: Comunidade quilombola com tradições ancestrais.  

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O Festeja Tradição Mineira e o Minas LAB seguem comprometidos em fortalecer as raízes culturais e promover a autonomia das comunidades do Grande Sertão Veredas, garantindo que suas histórias e tradições sejam preservadas e compartilhadas com o mundo.