Por Noé Pires

A multiartista Clara Potiguara (@clarapotiguara), originária do território indígena de Baía da Traição-PB, celebra suas raízes e sonoridades com o lançamento oficial do videoclipe e da música “Akajú do Norte”.

E o palco dessa celebração não poderia ser outro: o solo sagrado de seu território, o evento aconteceu na Praça Central José Barbosa, em Baía da Traição, foi uma noite de arte, cultura e resistência!

Shows de artistas locais apresentações de coco de roda com o grupo Eiratyra, da Aldeia São Miguel e Neto Potiguara. E claro, o aguardado show de Clara Potiguara

“Akajú do Norte” não é apenas uma música; é uma jornada. Um mergulho profundo na alma do território indígena de Baía da Traição-PB, onde cada nota e cada verso carregam o peso da ancestralidade e a leveza da poesia.

Com um som que pulsa como o coração potiguara, a música traz à tona as vivências, os sabores e as tradições que moldam esse solo sagrado. É uma celebração das raízes: do beiju de coco às casas de farinha, cada elemento reconecta o presente ao passado.

A letra nos leva por caminhos conhecidos e sagrados, mencionando ícones como o Coqueirinho do Norte, Aldeia do Forte, Tambá, a misteriosa Pedra da Feiticeira e as sagradas águas potiguaras, sempre presentes como testemunhas da história.

Mas não para por aí. As tradições se fazem ouvir e sentir: o coco de roda e o toré, com suas danças e ritmos, reafirmam a força e a vitalidade da cultura potiguara, criando uma ponte entre o passado e o futuro.

E o videoclipe? É um espetáculo à parte. As lentes capturam as paisagens exuberantes de Baía da Traição, revelando a essência e a magia desse lugar único, onde cada cenário se torna um personagem da história.

“Akajú do Norte” é som, imagem e alma. Um manifesto de memória e resistência. Uma ode ao território e ao seu povo. Uma celebração que ecoa como o vento entre os coqueirais e como os passos no chão sagrado de Baía da Traição.

O S.O.M “sistema operacional da música”, o canal de música da mídia NINJA bateu um papo com a artista Clara Potiguara.

SOM: Como foi o processo criativo e as etapas de produção de “Akajú do Norte”? Algum momento marcou você de forma especial?

Clara Potiguara: Criar a música foi muito confortável, falar de onde viemos e estamos é incrível. Cada momento desse processo me marcou muito e eu sou feliz por levar a musicalidade potiguara pra o mundo.

SOM: Lançar “Akajú do Norte” no território de Baía da Traição tem um significado profundo. O que essa conexão com sua terra natal representa para você?

CP: Gravar no território Potiguara já tem muito significado e dar essa devolutiva pra as pessoas desse lugar é fundamental. Nós mostramos uma outra perspectiva das nossas belezas naturais e dos nossos encantados, tudo o que pertence as pessoas Potiguara e Baiense representando cada uma delas. Essa conexão pra mim é como um abraço bem apertado de acolhimento do meu povo, vendo que eles aprovam e consomem a arte que faço. É um orgulho mútuo.

SOM: O evento de lançamento reuniu artistas locais e apresentações tradicionais. Como foi essa troca cultural?

CL: No lançamento, tivemos o coco de roda das crianças da aldeia São Miguel, Neto Potiguara, e o coco que fizemos na banda que me acompanhou, majoritariamente uma equipe formada por pessoas potiguara, juntamos numa só noite coco de roda e piseiro, crianças, idosos e pessoas de todas as partes da Baía. Uma equipe majoritariamente Potiguara, no palco e na produção, o que traz oportunidade, visibilidade e representatividade. Admiro todas as pessoas que tiveram nesse processo de Akajú do Norte.

SOM: Após o lançamento de “Akajú do Norte”, o que podemos esperar de Clara Potiguara em 2025? Algum projeto especial já está em andamento?

CL: Vamos nos programar pra lançar um coco potiguara com influencia de minhas letras chamado Biaxaxá, a ideia é alavancar cada vez mais a musicalidade do povo Potiguara da Paraíba. Virão projetos em conjunto aos tocadores do toré potiguara pra fazermos um registro atemporal do Toré Potiguara.