Entre shows e vivências: Feira da Música reativa a Rede Música Brasil no coração do nordeste
Vivi uma experiência única, onde cada canto, encontro e som refletiam a força transformadora da arte nordestina.
Viajar ao Cariri para a 20ª edição da Feira da Música foi mais do que participar de um evento; foi mergulhar em uma imersão cultural que conectou passado, presente e futuro da música brasileira. De 11 a 14 de dezembro, vivi uma experiência única, onde cada canto, encontro e som refletiam a força transformadora da arte nordestina.
Logo ao chegar ao Crato, fui recebido pela energia vibrante do Centro Cultural do Cariri Sérvulo Esmeraldo, o epicentro das atividades da feira. A programação era intensa: oficinas, feira criativa e, claro, uma sequência de shows que transbordavam diversidade e talento. Em meio a tudo isso, aconteceu o Encontro da Rede Música Brasil, um momento histórico que marcou a retomada das políticas culturais para o setor.
A força da Rede Música Brasil
Participar dos debates sobre a Rede Música Brasil me transportou para a época de sua criação, nos anos da gestão de Gilberto Gil e Juca Ferreira no Ministério da Cultura. Naquele período, com a força das redes e coletivos a música brasileira conquistou um espaço de protagonismo, com articulações nacionais que integravam festivais, artistas e produtores. Agora, com a rede reativada, senti no ar um sopro de esperança e renovação.
O encontro foi um verdadeiro laboratório de ideias. Discussões acaloradas resultaram em propostas concretas para a Funarte, todas alinhadas com a valorização da diversidade musical do país. Foi incrível testemunhar artistas, produtores e gestores trabalhando juntos para reconstruir políticas culturais que colocam a música no centro da transformação social.
Shows que celebraram o Nordeste
As noites da feira eram pura celebração. Assisti a shows emocionantes de artistas nordestinos que representaram, com maestria, a riqueza cultural da região. Mateus Fazeno Rock, com seu som único de Fortaleza, e Luana Flores, trazendo a força do rap da Paraíba, foram apenas alguns dos destaques. Nazirê e Zé de Guerrilha, representando o Cariri, me arrepiaram com suas performances carregadas de identidade local. Além do incrível Vieira que passou aquela vibe de estar vendo um artista que ainda vai crescer muito.
A variedade de estilos era um convite para explorar os múltiplos ritmos que fazem do Nordeste um berço de criatividade. Rock, pop, forró e rap conviviam harmoniosamente, provando que a música é uma ponte que conecta gerações e histórias.
Vivências que enriquecem a Alma
A feira foi apenas parte da viagem. Aproveitei a oportunidade para explorar a região do Cariri, que é um verdadeiro tesouro cultural. Uma das experiências mais marcantes foi a visita a Exu, em Pernambuco, terra natal de Luiz Gonzaga. Conhecer de perto a história do “Rei do Baião” foi emocionante; senti como se cada canto daquela cidade ainda guardasse os ecos de sua sanfona.
Em Juazeiro do Norte, estive na estátua de Padre Cícero, uma figura que transcende o religioso para se tornar um símbolo de fé e resistência. A vista de lá de cima era de tirar o fôlego, e foi um momento perfeito para refletir sobre a força do Nordeste – um lugar onde a cultura brota do chão como mandacaru.
Uma jornada para se lembrar
Voltei da Feira da Música com o coração cheio. Vi a música nordestina ser celebrada, as políticas culturais ganharem força e a união de tantas vozes por um futuro melhor para o setor. Essa experiência me lembrou do poder transformador da arte e do quanto o Nordeste tem a ensinar ao Brasil e ao mundo.
No Cariri, cada acorde, debate e vivência foi uma lição de resistência e beleza. Saí de lá com a certeza de que a música brasileira está viva – e pulsa com a força do Sertão.