As duas centrais sindicais da Argentina (CTA), a Associação dos Trabalhadores do Estado (ATE) e o Sindicato dos Trabalhadores da Economia Popular (UTEP) realizaram nesta quinta-feira, 5 de dezembro, uma greve nacional contra as demissões em massa no serviço público e a perda do poder de compra dos trabalhadores.

Antes do meio-dia, a movimentada Plaza de Mayo já estava ocupada pelos primeiros manifestantes. Na Avenida de Mayo, também marcharam servidores públicos e aposentados. As organizações sociais somaram ao ato críticas contra “os ajustes brutais do governo de Javier Milei”. Professores, em coro, entoavam: “Chame o direitista do Milei para ele ver que o povo não muda de ideia e luta pela educação”.

Os sindicatos lamentaram a ausência da Confederação Geral do Trabalho (CGT), principal organização sindical do país, que não aderiu à paralisação. Eles criticaram a postura conciliadora da CGT com o governo de Javier Milei, mesmo após ameaças recentes feitas pelo secretário-geral cessante da entidade, Pablo Moyano.

Com o lema “Por uma Argentina sem fome, com paz, justiça social e soberania”, o protesto ocorreu nas principais cidades do país e contou com adesão de representantes de outros setores, como o industrial e o judiciário. A secretária-geral adjunta da ATE, Mercedes Cabezas, destacou a importância do movimento: “Convocamos todas as forças para se unirem, não apenas para encerrar esta experiência de governo, mas para construirmos uma nova alternativa que devolva esperança ao nosso povo”.

Entre as pautas da greve estão: reintegração imediata dos trabalhadores demitidos, revogação de políticas que desmantelam o Estado e aumentam a precarização, reajustes salariais que recuperem o poder de compra, e uma reorientação econômica que priorize produção, emprego e justiça social.

Metade dos argentinos vive na pobreza

Dados do Observatório da Dívida Social Argentina, da Universidade Católica Argentina (UCA), apontam que 49,9% da população do país – cerca de 23 milhões de pessoas – vive em situação de pobreza. O índice de indigência, que mede a extrema pobreza, subiu para 12,9%, agravando o cenário socioeconômico. Entre as crianças, a situação é ainda mais alarmante: 65,5% vivem na pobreza.

Sem a ajuda de programas sociais ou pensões, a pobreza no país poderia saltar para 55,4% e a indigência para 23,2%. Esses números refletem uma crise profunda, com milhões de argentinos incapazes de suprir necessidades básicas e enfrentar o aumento constante do custo de vida.