Em meio a protestos por acesso à água potável na Reserva Indígena de Dourados (RID), no Mato Grosso do Sul, o Ministério dos Povos Indígenas (MPI) condenou o uso desproporcional de força contra manifestantes indígenas e destacou a gravidade da crise hídrica na região. As aldeias, habitadas por povos Guarani Kaiowá e Terena, enfrentam há anos a precariedade no abastecimento, o que motivou as manifestações em defesa de um direito humano fundamental.

O MPI anunciou, em nota divulgada na noite desta quarta-feira (27), medidas emergenciais para mitigar a crise, incluindo o investimento de R$ 2 milhões para a construção de dois super poços de água na reserva. Além disso, a pasta destacou as iniciativas que já estavam em curso, como um convênio com a Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) para construção de poços artesianos, no valor de R$ 575 mil, e uma parceria com o Itaipu Binacional, que prevê investimentos de R$ 60 milhões em melhorias nos sistemas de abastecimento de água em oito aldeias, beneficiando 34 mil pessoas.

Violência policial

Os protestos também expuseram a necessidade de ações coordenadas entre diferentes níveis de governo. O MPI afirmou que está em diálogo com o governo do estado, a Secretaria de Segurança Pública e o Ministério Público Federal para assegurar os direitos constitucionais à livre manifestação e à segurança dos manifestantes. O Departamento de Mediação de Conflitos do ministério acompanha de perto a situação junto às lideranças indígenas.

A nota destaca ainda o Projeto Indígena Cidadão, Fronteira Cidadã, que destinará R$ 22 milhões ao Mato Grosso do Sul para ações em 44 territórios indígenas. Com recursos do Fundo de Convergência Estrutural do Mercosul (Focem), o projeto inclui a construção de sistemas de abastecimento de água, integrando esforços para melhorar as condições de vida nas comunidades indígenas da faixa de fronteira.

“Estamos trabalhando para solucionar emergências, mas também para estruturar políticas de longo prazo que atendam às necessidades reais das comunidades”, declarou a ministra Sonia Guajajara.