Conquistas sim, mas a luta continua!

Novembro Negro, mês de ressaltar a importância da valorização das nossas/os ancestrais, das nossas lutas e sobretudo das conquistas.

Novembro Negro, mês de ressaltar a importância da valorização das nossas/os ancestrais, das nossas lutas e sobretudo das conquistas.

Começamos o mês da Consciência Negra com o julgamento dos executores de Marielle Franco e Anderson Gomes e os mesmos sendo condenados a mais de 78 e 59 anos de prisão, mais de seis anos e 7 meses após o crime bárbaro. É uma resposta para todas nós, que nunca deixamos de lutar e cobrar as autoridades.

Ainda não é a Justiça nem a resposta completa para um crime contra a democracia e contra toda a população que defende os direitos humanos e a Justiça Social, pois os mandantes ainda não responderam sobre suas reais motivações e seguimos sem saber se são apenas os apontados os responsáveis. Não podemos esquecer que o estado estava sob intervenção federal na segurança pública e que câmeras essenciais estavam inoperantes, o que não é pouca coisa e suscita desconfianças. Celebramos este mês com a alegria de ver três talentosas atrizes negras, Duda Santos, Jéssica Ellen e Gabz, protagonizando novelas nos três horários de maior audiência no maior canal de televisão aberta do Brasil. Um respiro para nós, mulheres negras, e especialmente para as meninas e adolescentes que se sentem valorizadas, representadas e inspiradas.

Seguimos no respiro com a favela ocupando o centro de debate, descobrindo que ela é mais jovem, cresce e já soma 10% da população brasileira, segundo o IBGE ao apresentar os dados do último censo. O julgamento da ADPF 635, a segurança pública e a luta histórica pelo bem viver, traduzida em uma jornada de trabalho digna de fato, depois de reformas que fizeram ruir anos de luta da classe trabalhadora, ganharam os holofotes e roubaram a cena.

Infelizmente, os ventos pesados do atraso, do retrocesso e do racismo também se fazem presente nesse Novembro Negro. Mais uma vez as notícias sobre as campanhas eleitorais não têm nada dignificante para as mulheres, que segundo pesquisa da Nexus Pesquisa e Inteligência de Dados, por meio de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), receberam um quarto dos recursos de campanha e as negras tiveram menos incentivos do que as brancas. Como sempre, fomos as que tivemos menos acesso aos investimentos e os resultados das urnas mais uma vez comprovaram que não basta trabalharmos muito e bem, termos histórico de lutas coletivas e de contribuição para a sociedade para termos nossa competência amplificada e reconhecida.

Quando a população apoia aqueles cujo o projeto é destruir os equipamentos públicos e empresas públicas, exterminando os corpos técnicos que retém o conhecimento e a memória técnica de tudo, e manter a classe trabalhadora no sistema de exploração permanente com jornadas 6 por 1, mostra que, apesar dos avanços, nossa luta por autonomia, por ocupação dos espaços de poder, por equidade no mercado de trabalho, por compartilhamento e reconhecimento do Trabalho do Cuidado, e por saúde física e mental ainda está longe do fim.

Sigamos nesse Novembro Negro reverberando, ampliando e comemorando nossas conquistas, coletivamente, e fiquemos atentas e unidas para o que ainda precisamos vencer.