Vice-presidenta da Colômbia, Francia Márquez, lança fundo para combater o racismo climático
Iniciativa é uma parceria entre o Banco de Desenvolvimento da América Latina e do Caribe para conservar a biodiversidade do Pacífico
No âmbito da Conferência da ONU sobre Biodiversidade COP16, a vice-presidente da Colômbia, Francia Márquez, anunciou a criação do Fundo Afropaz com a Natureza. Trata-se do primeiro fundo de múltiplos doadores na América Latina, que busca apoiar a justiça étnico-racial e ambiental para a população afrodescendente no chamado Chocó Biogeográfico, uma das áreas com a maior biodiversidade do mundo. Esse fundo, que será administrado conjuntamente pela Vice-Presidência da Colômbia e pelo Ministério do Meio Ambiente, já conta com o apoio do Panamá, da Costa Rica e da Colômbia. O vice-presidente estendeu o convite a outros países e filantropos para que se juntem à iniciativa.
De acordo com Márquez, o Fundo Afropaz com a Natureza dará às comunidades afrodescendentes da região um papel ativo na governança dos recursos, garantindo que elas tenham um lugar na tomada de decisões e permitindo que as próprias comunidades definam os projetos que serão executados. As comunidades e organizações afrodescendentes terão, portanto, um assento direto na gestão de recursos, garantindo que as iniciativas de conservação da biodiversidade também impulsionem seu desenvolvimento e melhorem seus meios de subsistência.
“Esse fundo de vários doadores foi concebido com uma abordagem de justiça racial, em particular para a população afrodescendente que habita e protege esse ecossistema na região. Há uma dívida histórica com essa população. Aqui reafirmamos nosso compromisso de saldar essa dívida e de trabalhar juntos para preservar nossa biodiversidade”, disse Márquez, no lançamento.
O Ministro das Relações Exteriores da Colômbia, Luis Gilberto Murillo, afirmou: “Essa iniciativa destaca a contribuição de nossos estados, povos étnicos, comunidades locais e camponesas para o equilíbrio biológico e a estabilidade climática”.
Na mesma agenda, também foi anunciada a criação da MALUNGA: Rede pela justiça global e contra o racismo anti-negro. Nesse contexto, o renomado intelectual-ativista Agustín Lao Montes (Porto Rico), representando a nova rede, leu sua declaração de fundação, destacando a necessidade de unir esforços na luta contra o racismo e pela justiça global para as comunidades afrodescendentes.