Líderes globais pedem que Colômbia e Brasil liderem plano conjunto de ação climática
Com a chegada dos ministros a Cali para a COP16 nesta terça-feira (29), mais de 70 líderes globais direcionam esta carta aberta a Petro e Lula.
Na COP16, mais de 70 líderes globais – representando negócios, finanças, ciência, sociedade civil, povos indígenas e comunidades locais – lançam uma carta aberta aos presidentes Gustavo Petro e Luiz Inácio Lula da Silva, reconhecendo suas lideranças na ação integrada para clima, natureza e sistemas alimentares. Os signatários expressam apoio aos presidentes da COP16 e COP30 para mobilizar atores globalmente, de Cali a Belém, em um plano de ação conjunto.
Ao mesmo tempo, nova pesquisa da Nature4Climate revela que apenas um terço das políticas relacionadas à natureza publicadas desde o Acordo de Paris têm orçamento, ressaltando a necessidade urgente de financiamento para implementação.
“Como anfitriões da COP16 e COP30, Colômbia e Brasil podem forjar uma parceria latino-americana que guiará o mundo, demonstrando a interconexão entre clima e natureza”, afirmam os signatários na carta.
A carta chega em um momento crucial durante a COP16 da ONU sobre Biodiversidade, enquanto as nações negociam o Marco Global de Biodiversidade e se preparam para atualizar seus planos climáticos nacionais (NDCs) antes do prazo de fevereiro de 2025.
Entre os assinantes, estão a ex-secretária executiva da UNFCCC, Christiana Figueres, a presidente do The Elders, Mary Robinson, o cientista climático Johan Rockström, além de líderes indígenas como Juan Carlos Jintiach e Hindou Oumarou Ibrahim; líderes empresariais de Natura, Danone e Nestlé; líderes financeiros como Legal & General Group plc, Southbridge, PRI e IIGCC, e líderes de ONGs como Instituto Talanoa, Transforma, Movilizatorio e Nature4Climate.
Os signatários se comprometem a trabalhar com governos globalmente para alcançar três resultados prioritários:
- Fortalecer os planos nacionais de clima, alinhando NDCs e estratégias de biodiversidade (NBSAPs) com caminhos de sistemas alimentares nacionais, com políticas claras e ação para interromper e reverter a perda de biodiversidade, incluindo o fim do desmatamento e a proteção dos oceanos até 2030.
- Ampliar o investimento para transformação da natureza e sistemas alimentares, alinhando os fluxos financeiros com o Acordo de Paris e o Marco Global de Biodiversidade Kunming-Montreal, apresentando seus compromissos com o financiamento da biodiversidade e triplicando o financiamento atual até 2030, com prioridade de acesso direto para pequenos agricultores, povos indígenas e comunidades locais.
- Apoiar a participação efetiva de pequenos agricultores, povos indígenas e comunidades locais em políticas de clima, sistemas alimentares e natureza, garantindo que os direitos e as contribuições desses atores estejam no centro do desenvolvimento sustentável e da prosperidade econômica.
Coincidindo com a publicação da carta, a coalizão Nature4Climate divulga uma nova pesquisa que mostra lacunas significativas nessas áreas prioritárias. A análise do Policy Tracker de Soluções Baseadas na Natureza (NbS), que avaliou mais de 1.300 políticas de 190 países, mostra que apenas um terço das políticas relacionadas à natureza publicadas desde o Acordo de Paris têm orçamento alocado. Também revela que 19% das políticas mencionam os Povos Indígenas explicitamente, e menos de 0,5% – apenas 6 de 1.300 políticas – abordam especificamente a equidade para os Povos Indígenas.
À medida que os governos atualizam suas NDCs, os signatários pedem urgência para acelerar o progresso em direção a esses três resultados e “fazer da ‘paz com a natureza’ o princípio orientador desses planos de ação climática”.
Via Climainfo