Sob Tarcísio, letalidade da polícia cresce: morte de pessoas negras aumenta 83%
Nos primeiros oito meses deste ano, 441 pessoas foram mortas em operações policiais, sendo 283 identificadas como negras.
O estado de São Paulo registrou um alarmante aumento de 83% nas mortes de pessoas negras causadas por policiais civis e militares de janeiro a agosto de 2024, em comparação com o mesmo período do ano passado. Este dado, que faz parte de um levantamento do Instituto Sou da Paz, revela um cenário preocupante de letalidade racialmente desproporcional nas ações das forças de segurança.
Em contraste, as mortes de pessoas brancas aumentaram em uma proporção menor, de 59%, destacando a vulnerabilidade crescente da população negra em relação à violência policial, e reforçando a a alta letalidade da polícia de maneira ampla.
Nos primeiros oito meses deste ano, 441 pessoas foram mortas em operações policiais, uma alta de 78% em relação ao ano anterior, com 283 dessas vítimas sendo identificadas como negras. O levantamento foi divulgado pela Folha de São Paulo.
Esses números indicam que quase dois terços das mortes ocorridas eram de pessoas negras, refletindo uma realidade de violência sistêmica que atinge desproporcionalmente as comunidades periféricas. As regiões mais afetadas, como a cidade de São Paulo e a Baixada Santista, têm sido palco de operações intensivas, como as chamadas operações Escudo e Verão, que foram alvo de denúncia em instituições de direitos humanos internacional.
A diretora-executiva do Instituto Sou da Paz, Carolina Ricardo, em entrevista à Folha, critica a atual política de segurança pública, que, segundo ela, tem se afastado dos avanços no controle do uso da força, como a implementação de câmeras corporais. Ricardo destaca que a falta de investimento em práticas que priorizam a proteção de vidas, aliada à falta de responsabilização em casos de letalidade policial, tem contribuído para um aumento alarmante das mortes, especialmente entre a população negra e pobre do estado.