Por Hyader Epaminondas

Empolgado com o lançamento do primeiro trailer de “Sonic 3”, que chega em dezembro com uma trama inspirada na saga “Adventure”, adaptando “Shadow” para as telonas com a icônica voz áspera de Keanu Reeves. O retorno de Jim Carrey, em uma interpretação hilariantemente exagerada do Doutor Eggman e de seu avô, Gerald Robotnik, só aumentou ainda mais as expectativas.

Aproveitando o hype causado pelo filme e o lançamento do jogo “Sonic X Shadow Generations” agora em outubro, especialmente com as promoções atraentes nas plataformas digitais, decidi revisitar as mais recentes aventuras do ouriço azul.

Essa maratona não só me fez redescobrir a diversão que os jogos do Sonic proporcionam, especialmente após a minha decepção com “Sonic Forces”, em 2017, foi fascinante observar como os elementos clássicos dos jogos estão sendo incorporados e reinterpretados nos filmes, e como os filmes, por sua vez, estão influenciando a nova direção dos jogos de forma orgânica. “Sonic Superstars” (2023) e “Sonic Frontiers” (2022) representam abordagens distintas e opostas: enquanto “Frontiers”, possui uma narrativa mais cinematográfica e expande os horizontes da franquia com uma história mais madura, um mundo vasto e interconectado ao cânone da grande maioria dos jogos anteriores, “Superstars” oferece um retorno às origens, com uma ambientação transbordando com uma paleta de cores vivas e intensas, capturando com perfeição a essência leve e divertida que sempre acompanhou o universo de Sonic. Embora a trama seja simples e dicotômica, centrada na eterna luta contra Robotnik e seus planos excêntricos, ela serve como um palco ideal para um gameplay que retorna às suas raízes.

De volta ao clássico com grande estilo

Como o sucessor de “Sonic Mania”, de 2017, o mais recente lançamento multiplataforma da franquia, “Sonic Superstars”, retorna às raízes 2D que definiram a série garantindo diversão a todo momento independente da fase escolhida. A charmosa estética dos personagens foi cuidadosamente remodelada para a geração atual, integrando perfeitamente com cenários vibrantes que remetem ao estilo clássico da franquia. Escolhi jogar no Nintendo Switch devido ao modo portátil, que combina perfeitamente com as fases curtas deste jogo, permitindo uma experiência mais flexível.

A jogabilidade acelerada, e mecânica precisa caracterizada por plataformas dinâmicas e pulos recorrentes, mantém a essência, embora alguns estágios possam se tornar monótonos devido ao excesso de obstáculos. Dessa vez colocando Tails, Amy e Knuckles para participar como personagens jogáveis desde o início, que funcionam em modo single player trazendo consigo diversidade no gameplay mas falham com louvor no modo multiplayer, é necessário uma sincronia enorme entre os jogadores para concluir um simples estágio sem passar dor de cabeça devido às falhas na própria mecânica dessa modalidade.

Os novos ajudantes de Eggman, Fang, um personagem dos anos 90, retorna como um antagonista com ares de trapaceiro, e a introvertida Trip, ambos encantam com seu design carismático, mesmo em suas breves aparições.

Trip é a personagem que recebe mais desenvolvimento, por ser nova e jogável após a conclusão do modo história principal, um capítulo próprio com aumento de dificuldade, que inclui novas mecânicas, como escalar paredes com seu spindash. Somente ao concluir este modo é possível liberar o verdadeiro vilão final do jogo. Apesar da falta de diálogos em suas interações nas missões de Amy e Knuckles, é possível entender suas motivações e se encantar com sua forma Super, na forma de um dragão dourado, conectada aos acontecimentos da história.

A ação side-scroller é contínua, rápida e responsiva, com níveis criativos que capturam o espírito dos dias de glória do ouriço. A nostalgia é palpável, mas “Sonic Superstars” não se limita a revisitar o passado.

Ele introduz novas habilidades por meio de um sistema de power-ups, utilizando os poderes das sete Esmeraldas do Caos de forma individual, ao invés de apenas transformá-lo em uma super forma invencível, o que oferece uma reviravolta ao gameplay tradicional. Embora essas novas habilidades possam simplificar a dificuldade das fases, elas também trazem uma abordagem singular à conclusão dos desafios.

Velocidade e liberdade em um mundo aberto

“Sonic Frontiers” no PlayStation 5 me proporcionou uma experiência inesperada, apesar da recepção inicial ter sido mista devido a ambientação sóbria bem diferente do colorido característico da série, explorar as vastas, gigantescas e misteriosas Ilhas Starfall me surpreendeu positivamente pela atenção aos detalhes presente na trama com a construção coesa do ciberespaço.

O realismo do jogo se desdobra em uma velocidade supersônica, oferecendo uma experiência visual impressionante que não apenas cativa pela fluidez, mas também pela riqueza e diversidade das paisagens que possuem uma pluralidade geográfica impressionante.

Com foco numa campanha single player de exploração, cada estágio é elaborado conforme a progressão da história, repleto de iconografias deslumbrantes que vão desde montanhas imponentes até florestas luxuriantes, passando por áreas carbonizadas e áridas enquanto coloca ao fundo ruínas, esculturas e gatilhos que remetem a tecnologia fictícia de uma era passada.

Cada uma das ilhas serve como um imenso playground, repleto de mistérios a serem desvendados, quebra-cabeças engenhosos e combates intensos que exigem não apenas reflexos rápidos, mas também planejamento, levando em consideração que a quantidade de anéis nivelam o poder do Sonic no decorrer do jogo.

Nessa nova aventura Sonic carrega o peso de um herói amadurecido, onde cada ilha concluída parece mais pesado, não apenas pela urgência de salvar seus amigos, mas pelo fardo invisível de responsabilidades impostas e pela dor agoniante do processo de Corrupção Cibernética. Seu olhar, antes vibrante, agora revela cansaço, uma exaustão silenciosa que transparece na sua postura e na maneira como enfrenta seus desafios.

É através dessas ações heroicas, nas pequenas vitórias contra a adversidade, que Sonic começa a conquistar a confiança de Sage, uma enigmática inteligência artificial criada por Eggman. O respeito e a admiração de Sage não são instantâneos, eles florescem gradualmente, à medida que ela testemunha o espírito indomável do ouriço, que, apesar da fadiga, nunca abandona seu propósito.

Os detalhes criam um mundo imersivo onde cada ambiente se destaca de forma vibrante, tornando a exploração tão envolvente quanto a própria jogabilidade. Sonic não apenas brilha com sua velocidade eletrizante, mas redefine o conceito de velocidade em um ambiente de mundo aberto com fluidez como nunca visto antes na franquia. A intensidade da velocidade ao atravessar os territórios é absolutamente alucinante.

Colecionáveis e minigames imersivos

Coletar os Kocos para aumentar o limite de anéis coletados ou aumentar a velocidade se torna um verdadeiro desafio de atenção, considerando o tamanho dos Kocos em contraste com a vastidão dos estágios. Embora o jogo seja predominantemente em mundo aberto, com um espaço 3D expansivo, ele surpreende ao alternar, em determinados momentos, para uma perspectiva 2D, proporcionando sessões de plataforma bem integradas.

Diferente de Final Fantasy VII Rebirth, onde os minigames apenas atrapalhavam o processo de imersão, a singularidade dos minigames em cada ilha, que, por serem cuidadosamente integrados aos personagens secundários da narrativa, nos incentivam a completar todos os objetivos secundários antes de prosseguir com as missões principais. Um exemplo é um minigame na terceira ilha, onde encontramos Tails pela primeira vez, onde o desafio consiste em algo simples, mas divertido: pular corda. Nessa mesma ilha também temos que vencer em um jogo de pinball numa missão principal para avançar no jogo.

Até os momentos de pesca com Big the Cat surpreendem pela maneira como transformam uma atividade que poderia ser monótona em uma experiência divertida oferecendo uma pausa prazerosa na adrenalina do jogo. As recompensas generosas mantêm o jogador motivado, e o equilíbrio entre desafio e diversão evita a frustração.

É explícito o foco dos desenvolvedores no quesito de projeção de imersão já que a história é concisa e contada inteiramente de forma expositiva através dos diálogos entre os personagens. Inicialmente não era possível jogar com Amy, Tails e Knuckles, mas isso foi corrigido com as atualizações disponibilizadas gratuitamente durante o pós-lançamento, aperfeiçoando ainda mais o que funcionava, deixando ainda mais diverso o gameplay.

Super Sonic em sua melhor forma: Sem limites

A personalidade vibrante de Sonic transborda em cada momento do jogo, impulsionando o tom épico ao máximo. A progressão é simbolizada pela crescente quantidade de moedas de ouro, que reflete a constante busca por superar limites previamente estabelecidos. Essa mecânica ecoa o tema central do jogo: seguir em frente diante das adversidades e traumas diversos.

A transição entre combate e exploração é fluida, com o ouriço azul navegando de forma descomplicada por terrenos variados, desde campos abertos até ruínas ancestrais, em busca das sete Esmeraldas do Caos.

Com elementos de RPG, permitindo personalizações no personagem, dividindo os atributos entre força, velocidade, defesa e a quantidade máxima de anéis. As lutas contra chefões são épicas, incorporando elementos de jogos de ação e exigindo reflexos rápidos e precisão cirúrgica, trazendo uma dimensão nova e mais profunda ao combate, que agora conta com golpes mais elaborados e desbloqueáveis coletando pontos de habilidade.

Os chefões, chamados de Titãs, são robôs colossais sinistros e primorosos, uma clara inspiração aos anjos vistos na obra de Hideaki Anno, Neon Genesis Evangelion. Enfrentar eles em modo Super Sonic é definitivamente uma experiência única, um spin dash de adrenalina devido as mecânicas de gameplay e a trilha sonora que explode em uma sinfonia de caos e poder com o propósito de intensificar e projetar para fora da tela toda a intensidade da batalha em níveis nunca vistos antes, onde cada golpe ressoa com a verdadeira força atroz da união das sete Esmeralda do Caos. É como se cada impacto fosse uma onda de choque que abala todo o universo do jogo.

O principal ponto negativo do jogo, que acaba destoando dos muitos aspectos positivos, é a modelagem dos personagens. O design desatualizado do ouriço e seus amigos contrasta com o potencial que o jogo oferece, evidenciando a necessidade urgente da Sega de modernizar o visual de Sonic para se alinhar ao estilo de jogo que eles estão buscando em Frontiers. É hora de uma atualização que reflita a ambição e o universo divertido deste título e quem sabe uma sequência.

Texto produzido em colaboração a partir da Comunidade Cine NINJA. Seu conteúdo não expressa, necessariamente, a opinião oficial da Cine NINJA ou Mídia NINJA.