Brasileira de 79 anos que defende refugiados ganha prêmio internacional
Desde a década de 1980, Irmã Rosita desempenhou um papel central na criação de legislações fundamentais para o acolhimento de refugiados no Brasil
A brasileira Rosita Milesi, de 79 anos, foi reconhecida como Laureada Global do Prêmio Nansen sobre Refugiados do ACNUR de 2024 por seu extenso trabalho em prol dos refugiados e imigrantes no Brasil. À frente do Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH), com sede em Brasília e em Boa Vista, ela apoia a acolhida de pessoas vindas da Venezuela e de outros países em busca de proteção internacional. A trajetória de Rosita é marcada pela determinação e pela defesa de uma abordagem humana e acolhedora, influenciando de forma significativa as políticas de imigração no país.
Desde a década de 1980, Irmã Rosita desempenhou um papel central na criação de legislações fundamentais para o acolhimento de refugiados no Brasil. Ela foi uma das principais vozes na ampliação da definição de refugiado na Lei de Refúgio de 1997, inspirada pela Declaração de Cartagena de 1984, e teve um papel ativo na aprovação da Lei de Migração de 2017. Sua atuação incluiu mobilizar apoio de diferentes setores, até mesmo enviando pedidos ao Vaticano para fortalecer as discussões sobre a importância de uma legislação mais inclusiva.
No trabalho cotidiano, a Irmã Rosita coordena uma rede de cerca de 70 organizações que promovem iniciativas de apoio aos refugiados. Com uma abordagem prática, o IMDH oferece assistência jurídica, apoio social, documentação e orientação para integração no mercado de trabalho, especialmente para mulheres e crianças em situação de vulnerabilidade. Um dos exemplos desse trabalho é a Casa Bom Samaritano, em Brasília, que acolhe até 90 venezuelanos, proporcionando cursos de idiomas e qualificação profissional.
Para as pessoas que passaram pelas ações do IMDH, a Irmã Rosita é mais que uma líder: ela é vista como um ponto de apoio fundamental. Elisabeth, uma venezuelana que recomeçou a vida com ajuda da instituição, e Jana Alraee, uma refugiada síria que criou um negócio de culinária, são exemplos de quem encontrou na Irmã Rosita uma figura de orientação e apoio emocional, além de suporte prático para construir uma nova vida no Brasil.
Com quase oito décadas de vida, a Irmã Rosita mantém o espírito inquieto e muitos planos para o futuro. Entre seus objetivos estão a ampliação do acesso à educação para crianças refugiadas e iniciativas que enfrentem os impactos das mudanças climáticas sobre os deslocados. Para ela, é essencial ter um sonho e uma utopia que guiem a busca por um futuro melhor, tanto para os refugiados quanto para as comunidades que os acolhem.