Como vivem os alunos que não podem usar celular na escola? Essa é a pergunta que começa a ser mais frequente nas salas de aula de instituições que implementaram a restrição ao uso de smartphones. Inicialmente, a proibição causa revolta e crises de abstinência entre os jovens. Após algumas semanas, no entanto, o cenário muda: alunos se adaptam, prestam mais atenção nas aulas e se reconectam com brincadeiras e interações face a face.

Na Escola Alef Peritz, em São Paulo, onde a proibição é rigorosa há sete meses, a professora Maristela Costa observa que a adaptação foi um processo doloroso, comparado por alguns alunos a “sair de um vício”. No início, muitos expressaram desespero, chegando a tentar “arrombar” as pochetes que guardam os celulares. Contudo, logo a maioria começou a se engajar em atividades físicas e a socializar mais, afirmou a professora em entrevista ao G1.

Estatísticas mostram que a adesão à proibição está crescendo: segundo a pesquisa TIC Educação 2023, 28% das escolas no Brasil já restringem o uso de smartphones. Com a iminência de um projeto de lei do Ministério da Educação para proibir definitivamente os celulares nas escolas, a reportagem do G1 explorou como essa realidade se desenrola em diferentes instituições.

Na Escola Tarsila do Amaral, por exemplo, as crianças se beneficiaram com a proibição. Um “sistema de desmame” foi implementado para ajudar os pequenos a se adaptarem a um cotidiano sem telas. As crianças aprenderam a brincar novamente, com algumas expressando que a ausência de celulares facilitou interações mais saudáveis durante o recreio.

Adolescentes também relataram mudanças significativas. Alunos do 2º ano do ensino médio comentaram que a proibição, embora difícil no início, se traduziu em melhor desempenho acadêmico e mais interação entre os colegas. O tempo de uso de telas fora da escola também caiu, evidenciando um efeito positivo na rotina dos jovens.

Os pais, em sua maioria, apoiam a medida, embora alguns tenham preocupações sobre a comunicação com os filhos durante o dia escolar. Escolas como a Martin Luther King utilizam métodos para equilibrar o uso da tecnologia, permitindo seu uso apenas para atividades pedagógicas e restringindo redes sociais.