O furacão Milton, que se aproxima da costa oeste da Flórida com ventos que já ultrapassam os 240 km/h, é mais um exemplo de como as mudanças climáticas estão influenciando a formação e a força dos ciclones tropicais. Segundo meteorologistas, a temperatura elevada das águas do Golfo do México, que está acima da média histórica, desempenhou um papel fundamental na rápida intensificação do Milton, que passou de categoria 1 para categoria 5 (a mais destruidora) em apenas 24 horas. Esse aquecimento dos oceanos, impulsionado pelo aumento das temperaturas globais, cria condições mais favoráveis para o crescimento de tempestades devastadoras.

As temperaturas da superfície do mar no Golfo do México, por onde Milton está se deslocando, chegaram a atingir 30°C em algumas áreas, um nível considerado excepcionalmente alto para esta época do ano. Essa condição permite que o furacão absorva grandes quantidades de energia, funcionando como um combustível que intensifica a força dos ventos e a capacidade de precipitação. “Com a água tão quente, o furacão Milton encontrou um ambiente ideal para se fortalecer rapidamente”, explicou um meteorologista do Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NHC).

A relação entre o aquecimento global e a intensificação de furacões é uma preocupação crescente entre os cientistas. A queima de combustíveis fósseis e o desmatamento têm elevado a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera, o que, por sua vez, aquece a Terra e os oceanos. Com isso, fenômenos meteorológicos como furacões e ciclones tendem a se tornar mais intensos e destrutivos. Estudos recentes indicam que, para cada grau Celsius de aumento na temperatura da superfície do mar, a capacidade de retenção de umidade na atmosfera também cresce, intensificando as chuvas e as inundações associadas a essas tempestades.

A combinação de eventos extremos em um intervalo tão curto desafia as autoridades e agências de gerenciamento de desastres, que precisam se adaptar rapidamente a cenários de crise mais frequentes e intensos. “Estamos vendo uma nova era de furacões potencializados por águas quentes e pelas mudanças climáticas. Isso significa que precisamos estar preparados para respostas mais ágeis e eficientes”, afirmou um especialista em desastres naturais.

Embora a previsão indique que o Milton possa perder força antes de chegar à Flórida, a expectativa é que ele ainda cause estragos significativos, com chuvas intensas, ventos fortes e a possibilidade de inundações costeiras. A realidade imposta pelo aquecimento global mostra que o aumento da temperatura dos oceanos não apenas torna os furacões mais poderosos, mas também aumenta o potencial de danos quando esses sistemas atingem áreas habitadas. Para os especialistas, a trajetória de Milton evidencia a urgência de medidas de mitigação e adaptação às mudanças climáticas, tanto nos Estados Unidos quanto em outras regiões vulneráveis a desastres naturais.