Uma reportagem escrita pelo brasileiro Ricardo Brito e publicada pela agência de notícias britânica Reuters, uma das maiores do mundo, expõe a contradição do Pará, que irá sediar o maior evento sobre clima do planeta: a Conferência das Partes, ou COP.

De acordo com documentos vistos pela Reuters, o estado estaria defendendo regulamentações locais que incentivam a mineração ilegal de ouro, em um caso perante o Supremo Tribunal Federal.

Nos documentos, o Partido Verde teria se posicionado contra as regulamentações que permitem que autoridades municipais licenciem prospectos de ouro de até 500 hectares pois, de acordo com o Partido, incentivam a mineração ilegal no estado.

Ainda de acordo com a Reuters, a Polícia Federal adicionou ao caso que mineradores usam produtos químicos que estão envenenando rios vitais para comunidades indígenas, como o mercúrio, que é usado para separar o ouro do minério, e o cianeto, que é usado na lixiviação de ouro.

O relatório policial disse que amostras de água coletadas pelos fiscais mostraram que a contaminação por mercúrio no Rio Tapajós estava “acima dos limites toleráveis” em áreas habitadas por indígenas Munduruku e comunidades ribeirinhas.

Do outro lado do caso, o governo estadual disse que as regulamentações que estão sendo questionadas estão em vigor há uma década e são anteriores à gestão do atual governador, Helder Barbalho. Mesmo assim, quando a Reuters solicitou algum comentário de opinião sobre as regras de mineração para o governo do estado, não obteve resposta.

Infelizmente, o estado não é a única sede a demonstrar contradições em seu histórico. Vale lembrar que, em 2023, em sua 28° edição, a COP foi sediada em Dubai, nos Emirados Árabes, enquanto este ano, 2024, a COP 29 irá ocorrer em Baku, no Azerbaijão.

Ambas as sedes são conhecidas mundialmente por serem grandes produtores de combustíveis fósseis, especialmente petróleo, considerado pela ONU o maior causador do aquecimento do planeta e da crise climática.

Com informações da Reuters