Lediane Ferro da Silva, Francisca Alves Nascimento e Mayla Rafaela Martins são alguns dos nomes de mulheres vítimas de feminicídio no estado do Mato Grosso em 2024.

O G1 fez um levantamento junto às famílias das vítimas para colocar rostos nos números e dados e lembrar que, por trás desses crimes, existiam mulheres cheias de vida e famílias deixadas para trás com traumas e luto.

Na lista, a vítima mais jovem tinha 18 anos, enquanto a mais velha tinha 84 anos.

Mayla Rafaela Martins, de 22 anos, tinha o sonho de comprar uma casa para a irmã caçula, e estava se preparando para conquistar outro sonho: viajar para fora do Brasil em 2025. A jovem foi assassinada em janeiro deste ano a facadas pelo empresário Jorlan Cristiano Ferreira, de 44 anos, que confessou o crime à Polícia Civil. Os dois mantinham um relacionamento extraconjugal.

Jhulia Glezia Souza Neres, 18 anos, morava em Guiratinga, a 334 km de Cuiabá e cursava o primeiro ano do ensino médio quando foi morta pelo ex-namorado, de 23 anos, que invadiu sua casa e a matou à facadas, interrompendo o sonho da jovem de se tornar modelo quando conseguisse terminar os estudos.

Horaide Bueno Stringuini, a mais velha do grupo, tinha 84 anos e uma vida muito ativa: uma mãe, avó e bisavó comunicativa, que amava passear, cozinhar e passar tempo com a família.

Foi morta por um vizinho dentro da própria casa, de forma cruel: inicialmente, ele foi indiciado pelos crimes de roubo qualificado, estupro com resultado morte, homicídio qualificado por motivo fútil – recurso que impossibilitou a defesa da vítima – e feminicídio. No entanto, após a mudança na tipificação do crime, o homem deixa de responder por feminicídio e passa a responder por latrocínio.

Raquel Cattani, de 26 anos, era filha do deputado estadual Gilberto Cattani (PL). Empreendedora, mãe dedicada de duas crianças de seis e três anos, filhas de seu ex-companheiro que encomendou sua morte.

Raquel atuava na produção de queijos artesanais e teve dois produtos premiados no Mundial do Queijo, no quesito melhor queijo ‘Maringá’ e ‘Nozinho temperado’, mas teve seus sonhos interrompidos após ser esfaqueada ao menos 30 vezes pelo ex-cunhado, Rodrigo Xavier, a mando do ex-marido, Romero Xavier, que não aceitava o fim do relacionamento.

A delegada titular da Delegacia da Mulher de Cuiabá, Judá Marcondes, informou que os índices de feminicídios em Mato Grosso no primeiro semestre de 2024, se comparado com o mesmo período do ano passado, aumentaram em 5%.

O número de medidas protetivas em Mato Grosso subiu para 8.859 no primeiro semestre de 2024. O aumento é de 10%, em comparação com o mesmo período do ano anterior, que teve 8.023 medidas registradas.

O aplicativo ‘SOS Mulher MT’ é uma das alternativas criadas para ajudar vítimas de violência doméstica em Mato Grosso, além do número 180, que fica disponível 24h.

Via G1 Mato Grosso