Monitoramento revela aumento de ataques misóginos e transfóbicos contra candidatas nas eleições de 2024
Entre as mulheres atacadas estão figuras como Tabata Amaral (PSB-SP), Maria do Rosário (PT-RS) e Duda Salabert (PDT-MG)
O MonitorA, um observatório de violência política de gênero online desenvolvido pelo Instituto AzMina, InternetLab e Núcleo Jornalismo, revelou que candidatas nas eleições de 2024 enfrentam uma onda de ataques misóginos e transfóbicos nas redes sociais.
Entre as mulheres atacadas estão figuras como Tabata Amaral (PSB-SP), Maria do Rosário (PT-RS) e Duda Salabert (PDT-MG). A análise cobriu debates transmitidos pela TV Band em seis capitais brasileiras, onde foram identificados mais de 4.700 comentários potencialmente ofensivos, dos quais 1.680 foram classificados como insultos ou ataques diretos.
Os resultados mostram que as mulheres, embora fossem apenas 44,4% das candidatas, foram alvo de 51,1% dos comentários ofensivos. Em cidades como Belo Horizonte, Natal e Porto Alegre, os ataques contra candidatas chegaram a ultrapassar 85% do total de comentários ofensivos.
Os tipos mais comuns de ataques incluíam inferiorização, misoginia, etarismo e, no caso de Duda Salabert, transfobia. A cidade de São Paulo, por exemplo, concentrou 49,4% dos comentários ofensivos, sendo Tabata Amaral a principal vítima.
As pesquisadoras destacam que muitos dos ataques persistem devido aos estereótipos de gênero enraizados na sociedade, como a infantilização das mulheres, que deslegitima sua participação na política. Tabata Amaral foi frequentemente chamada de “menina” e “coitada”, enquanto Duda Salabert enfrentou insultos relacionados à sua identidade de gênero. Esses ataques refletem a estrutura de poder que busca manter grupos historicamente marginalizados fora dos espaços de poder.
O impacto psicológico dessas agressões é significativo, conforme explicam especialistas. As candidatas, além de lidar com a pressão das campanhas, precisam enfrentar um ambiente de hostilidade online que tenta desumanizá-las e minar sua legitimidade. A violência política de gênero, segundo as análises, afeta não apenas as candidatas, mas também reforça preconceitos e violências estruturais contra mulheres, pessoas trans e negras.