Por Kevin de Athayde, para Cobertura Colaborativa Paris 2024

A relevância positiva do esporte paralímpico para a sociedade é indiscutível. Não somente no que diz respeito à inclusão e acessibilidade nos esportes, mas também no estímulo à adoção de hábitos saudáveis e à iniciação ao esporte de alto rendimento. É, sem sombra de dúvida, um dos maiores eventos esportivos do mundo, tendo uma importância tão grande quanto os próprios Jogos Olímpicos.

Entretanto, apesar do seu imenso impacto positivo para uma transformação social através do esporte, fica evidente a enorme diferença na mídia, em todo o mundo, quando o assunto é a cobertura dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos.

Os relatórios anuais e quadrienais dos Comitês Olímpico e Paralímpico dos Jogos de Pequim (2008), Londres (2012) e Rio (2016) evidenciam a enorme diferença quanto às horas dedicadas às competições.

Pequim 2008:

Cobertura Olímpica – 61.700 horas

Cobertura Paralímpica – 1.800 horas

Londres 2012:

Cobertura Olímpica – Mais de 100.000 horas

Cobertura Paralímpica – 1.780 horas

Rio 2016:

Cobertura Olímpica – 113.455 horas 

Cobertura Paralímpica – 5.110 horas

Nos Jogos Paralímpicos de Tóquio (2020/21), um movimento diferente já havia sido previsto pelo Comitê Paralímpico Internacional, com a quebra de recorde de audiência e de cobertura, com resultado esperado de mais de 4,1 bilhões de telespectadores acumulados. Entretanto, nenhum dos comitês (Olímpico e Paralímpico) divulgaram em seus relatórios, os números referentes às horas de cobertura dos jogos.

Este ano, o Brasil viveu uma grande revolução na forma como os Jogos Olímpicos foram transmitidos com a aquisição dos direitos de transmissão por canais gratuitos. Por outro lado, este movimento não foi sentido quanto às transmissões dos Jogos Paralímpicos de Paris, dificultando o acesso da audiência às competições e cobertura.

É nítido que o esporte paralímpico brasileiro vem crescendo a cada ciclo dos jogos, inclusive batendo recordes de número de medalhas a cada edição, formando ídolos que influenciam novas gerações. É necessário que a mídia acompanhe todo esse crescimento, gerando mais espaços de transmissão, fortalecendo atletas e disseminando o alto rendimento paralímpico.