A origem dos Jogos Paralímpicos
Competição voltada para pessoas com deficiência tem origem com veteranos da Segunda Guerra Mundial.
Por Ruan Nascimento, para Cobertura Colaborativa Paris 2024
Falta muito pouco para o início dos Jogos Paralímpicos de Paris 2024. Nesta quarta-feira (28), a partir das 15:00, haverá a Cerimônia de Abertura. Assim como a histórica abertura das Olimpíadas, realizadas nas margens do Rio Sena, o evento que abre as Paralimpíadas também será fora do estádio principal, com os mais de 4.400 atletas desfilando na tradicional avenida Champs-Élysées.
Na capital da França, será realizada a 16ª edição dos Jogos Paralímpicos, celebrando uma história de quase 80 anos de incentivo à prática esportiva para pessoas com deficiência. Ao todo, estarão confirmadas 184 delegações, que participarão das competições ao longo de 11 dias, em 22 diferentes modalidades.
Origens no pós-guerra
Até a década de 1930, não havia registros de nenhuma grande competição esportiva para atletas com deficiência. Isso passou a mudar a partir de 1948. Naquele ano, ocorreram os Jogos Olímpicos de Londres, a primeira edição após a Segunda Guerra Mundial. Fora da capital britânica, na cidade de Stoke Mandeville, no Reino Unido, o neurologista alemão Ludwig Guttmann tratava na reabilitação de veteranos de guerra. O profissional desembarcou no Reino Unido em 1939, fugindo da perseguição nazista contra os judeus, no início do conflito mundial.
Como forma de incentivar a melhora na saúde física e mental dos veteranos vítimas de traumas causados pela guerra, Guttmann passou a incentivar a prática de esportes para os seus pacientes. Assim, eles passaram a praticar basquete, tiro com arco, dardos e bilhar. Por conta desta ação, em 29 de julho, mesmo dia em que começaram os Jogos Olímpicos de Londres, o médico promoveu a primeira competição para pessoas com deficiência.
O sucesso deste primeiro evento permitiu que, quatro anos mais tarde, na mesma cidade de Stoke Mandeville, representantes da Holanda passaram a participar das competições. Gradualmente, os Jogos de Stoke Mandeville cresceram, reunindo pessoas de outras partes do mundo. Tal sucesso, incentivado por Guttmann, tornou a cidade inglesa oficialmente como o berço do esporte paralímpico. Em anos com Jogos Paralímpicos, a chama símbolo da competição é acesa na cidade onde tudo começou.
O início dos Jogos Paralímpicos
Em 1960, foi realizada a primeira edição do que hoje conhecemos por Jogos Paralímpicos. Poucos dias após o fim dos Jogos Olímpicos de Roma, na Itália, a mesma cidade recebeu as Paralimpíadas, reunindo 319 atletas de 21 países. Quatro anos depois, em 1964, o evento esportivo ocorreu em Tóquio, no Japão, também após os Jogos Olímpicos.
A edição de 1968 dos Jogos Paralímpicos foi a primeira a ser realizada em outra cidade que não fosse a sede dos Jogos Olímpicos. A cidade de Tel Aviv, em Israel, sediou a competição, e não a Cidade do México. Em 1972, as Paralimpíadas foram em Heidelberg, na Alemanha Ocidental, sendo a primeira com representantes brasileiros.
O Brasil teve a sua primeira medalha paralímpica conquistada em 1976, em edição realizada em Toronto, no Canadá, com a prata conquistada por Robson Sampaio de Almeida e Luiz Carlos da Costa, no Liam Bowles, uma modalidade que lembra a bocha, e é praticada na grama. A edição dos Jogos Paralímpicos de 1980, em Arnhem, na Holanda, foi a última que não teve medalhistas brasileiros. E os Jogos de 1984 foram os últimos que ocorreram em uma cidade diferente da sede das Olimpíadas, em Nova York, nos Estados Unidos, e em Stoke Mandeville, no Reino Unido.
A partir de 1988, todas as edições dos Jogos Paralímpicos de verão foram realizadas nas mesmas sedes dos Jogos Olímpicos, sendo as seguintes cidades: Seul 1988, Barcelona 1992, Atlanta 1996, Sydney 2000, Atenas 2004, Pequim 2008, Londres 2012, Rio de Janeiro 2016 e Tóquio 2020.
Para garantir o fortalecimento dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, em 2001, o Comitê Olímpico Internacional (COI) e o Comitê Paralímpico Internacional (IPC, sigla em inglês) estabeleceram um acordo, para que a mesma cidade seja a sede dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, utilizando da mesma estrutura construída para as duas competições. Assim sendo, após Paris 2024, as Paralimpíadas desembarcarão nas cidades de Los Angeles, nos Estados Unidos, em 2028, e em Brisbane, na Austrália, em 2032.
Brasil como potência paralímpica
Na edição deste ano dos Jogos Paralímpicos, a meta da delegação brasileira é superar o recorde de medalhas conquistadas em Tóquio, em 2021. Na ocasião, os atletas do Brasil conquistaram 72 medalhas, sendo 22 de ouro, 20 de prata e 30 de bronze, ficando com a sétima colocação no quadro geral de medalhas.
Considerando o histórico de participações brasileiras em Paralimpíadas, o Brasil tem o seu melhor desempenho no atletismo, com 170 medalhas totais, sendo 48 ouros, 70 pratas e 52 bronzes. A segunda melhor modalidade do país nos Jogos é a natação, com 125 medalhas totais, sendo 40 de ouro, 39 de prata e 46 de bronze. Na sequência, os melhores desempenhos totais do Brasil são no judô, com 25 medalhas, na bocha, com 11 medalhas, e no tênis de mesa, com oito medalhas.
Através da Ninja Esporte Clube, a Mídia Ninja fará uma ampla cobertura dos Jogos Paralímpicos de Paris, contando inúmeras histórias de brasileiras e brasileiros que disputarão medalhas na competição. Fique ligado!