‘Minha Mãe é Uma Vaca’: Curta-metragem sobre as queimadas no Pantanal é selecionado para o 77º Festival de Veneza
Filme integra a mostra “Orizzonti”; conversamos com a diretora e produtora do curta
Por Ben Hur Nogueira
O curta-metragem “Minha Mãe é Uma Vaca”, da cineasta paulista Moara Passoni, foi selecionado para o 77º Festival de Veneza, integrando a mostra “Orizzonti”.
Na sinopse oficial, uma menina é mandada para o Pantanal porque a vida de sua mãe na cidade grande está em perigo. A partir do contato com uma vaca, ela passa por uma “metamorfose”, tendo sempre como pano de fundo os incêndios descontrolados no bioma. Em entrevista à Cine NINJA, a diretora e produtora da obra, Sofia Geld, relatou as expectativas de estar na seleção oficial de um dos festivais de cinema mais ilustres do mundo. Confira:
Cine NINJA: Acho muito bacana sua carreira e o modus operandi ensaísta em seus trabalhos. Como você definiria o seu modelo de direção especificamente?
Moara Passoni: Tenho dois impulsos, um é investigação de linguagem e o outro é contar histórias reais. Também tenho uma ambição de querer fazer minhas histórias chegarem a muita gente. Quero que essas histórias tenham ressonância no mundo. Esse é um filme fictício feito na fronteira com o documentário.
CN: Veneza tem uma elegância suprema em termos de lançamentos de filmes internacionais, onde o Brasil tem um retrospecto muito favorável com obras como “Boi Neon” e “Eles Não Usam Black-tie”. Como foi para você lidar com o fato de representar uma nação neste festival?
MP: É quase indescritível, é um sonho virando realidade. Foi um filme que trabalhamos muito para sua realização, é um filme sobre parcerias e sobre colaborações. É um filme que se passa no Pantanal brasileiro, e em um momento onde temos recordes de queimadas por lá. Esse fato permeia a história. É a história de uma garota, uma vaca e uma onça, que ocorre num plano mítico.
CN: Como foi para a equipe fazer um filme sobre um passado recente? De certo modo ele também dialoga com o futuro?
Sofia Geld: É um verdadeiro privilégio participar do processo criativo de Moara Passoni, uma diretora que não apenas possui uma visão forte, mas também uma paixão inexplicável que se torna evidente em seu trabalho. Acredito que essa paixão é algo que realmente conecta com o público. Além disso, é fundamental destacar que este filme é o resultado do trabalho dedicado de uma equipe de profissionais excepcionais, composta majoritariamente por mulheres talentosas, que formam uma verdadeira família criativa.
Como produtora, sinto um imenso orgulho deste filme. Ele não só apresenta personagens complexos e é realizado com excelência artística, mas também leva a nossa audiência a uma viagem ao Pantanal, um bioma rico e diverso que está sob uma ameaça extrema devido aos incêndios descontrolados.
O Festival de Veneza acontece entre os dias 28 de agosto e 7 de setembro, na cidade de Veneza, na Itália.