Por Rafael Lisboa, para Cobertura Colaborativa Paris 2024

O maior campeão de Grand Slam da história. Nos principais torneios de tênis da atualidade, Novak Djokovic venceu 24 títulos entre Australian Open, Wimbledon, US Open e Roland Garros e, no saibro, premiou mais uma vez sua carreira.

Mas, a vida do sérvio vai muito além dos títulos. Nascido em 1987 e jogando tênis desde os 4 anos, o tenista nasceu na antiga Iugoslávia e conviveu com a realidade da guerra e viu o desmembramento de um país em várias nações independentes, o que dificultava seus treinos na infância, pois se escondia por conta das bombas.

Com o conhecimento do potencial de Novak, a ex-jogadora de tênis e treinadora do sérvio quando criança, Jelena Genčić, decidiu, com o apoio da família de Djokovic, levá-lo para a Alemanha, onde ele poderia treinar em escolas com professores que eram referências. Em Munique, o ainda adolescente evoluiu e passou a demonstrar um grande desempenho quando colocado sob pressão, o que incentivou seu pai a colocá-lo para disputar os primeiros torneios. Essa decisão foi completamente assertiva, pois o sérvio dominou as categorias sub-14 e sub-16, sendo levado para o tênis profissional com apenas 15 anos.

Foto: opanak.rs

Foi em 2005 que Djokovic fez sua estreia profissional, perdendo por 2 a 0 para Alex Rădulescu, um tenista 13 anos mais velho. Um ano depois, veio a primeira vitória, por 2 a 0 contra o letono Janis Skroderis, em um jogo que mostrou a habilidade do jovem tenista, causando uma rápida surpresa, pois o ATP de Budapeste, disputado no mesmo ano, foi o primeiro título da carreira do jovem de 17 anos.

Os anos seguintes do sérvio foram lotados de conquistas: primeira vitória em um Grand Slam em 2006, o bronze nas Olimpíadas de Pequim em 2008 e o primeiro entre os grandes títulos de Wimbledon, no mesmo ano, o colocando na terceira posição do ranking entre os tenistas masculinos, chegando, a partir desse momento, em uma sequência de finais.

Foto: Anthony Devlin/PA

Djokovic enfrentou gigantes do tênis como Andy Murray, Roger Federer e Rafael Nadal em um quarteto conhecido como “Big Four” durante a última década. Mas, nos últimos anos, o jovem espanhol Carlos Alcaraz é quem vem disputando com o sérvio o título nos principais torneios. Em sete confrontos ocorridos desde 2022, já são quatro finais, com uma vitória para cada tenista.

Foto: Kirsty Wigglesworth/AP

Recém-derrotado para Alcaraz em Wimbledon, o experiente tenista foi para os Jogos Olímpicos com foco total na inédita medalha dourada, buscando ultrapassar seu melhor resultado em Pequim 2008, quando conquistou o bronze. Disputando apenas o solo, o sérvio fez cinco jogos até chegar na final, vencendo todos por 2 a 0, incluindo nomes conhecidos na modalidade como Rafael Nadal e o grego Stefanos Tsitsipas.

Após a vitória contra o italiano Lorenzo Musetti nas semifinais, Djokovic avançou para as finais e teria mais um confronto contra o espanhol de 21 anos em menos de um mês depois da derrota nas gramas britânicas. A partida, entre os dois melhores tenistas da atualidade, teve um altíssimo nível técnico e mostrou, por vários momentos, a resiliência e a tranquilidade do sérvio, mesmo com os vários tiebreaks e a dificuldade de quebra no saque. No final, vitória de 2 a 0 para o sérvio e o inédito ouro olímpico.

Colecionando polêmicas pela carreira e sendo recebido com aplausos e vaias por diversas arquibancadas, Djokovic se junta a Andre Agassi e Rafael Nadal no grupo de tenistas que venceram um ouro olímpico e os quatro principais torneios. No entanto, no número total de títulos, ninguém o superou. E agora, mais do que nunca, há uma prova de que, para Djokovic, nada mais falta.

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