Por Grace Ketly Barbosa da S. Lima, para Cobertura Colaborativa Paris 2024

A ginástica artística é um esporte conhecido por sua elegância, precisão e criatividade. A cada ciclo olímpico, os atletas buscam se destacar não somente pela execução impecável, mas também pela introdução de novos elementos e movimentos. É nesse contexto que encontramos a jovem ginasta brasileira Julia Soares, que se tornou um nome de destaque no mundo da ginástica ao criar e registrar o movimento “Soares”.

O movimento foi executado em sua primeira competição na categoria adulta, no Campeonato Pan-Americano de ginástica artística, no ano de 2021, quando tinha apenas 15 anos. Grandes movimentos criados e batizados por atletas são algo comum na modalidade.

O que é o “Soares”?

O Soares é um novo movimento registrado pela atleta no código da Federação Internacional de Ginástica (FIG). Trata-se de uma nova entrada na trave. É uma acrobacia de montagem do cavalete traseiro, com as costas voltadas para a trave, um Flic-Flac (rotação onde o corpo completa uma volta ao redor de um eixo horizontal, com um apoio de mão intermediário invertido) com meia-volta sobre a trave para a posição de vela, terminando no apoio frontal e agarrando sob a trave com as duas mãos. Essa é uma adaptação desenvolvida pela atleta e sua técnica Iryna Ilyashenko, do Candle Mount, onde não há uma meia-volta e o corpo termina do mesmo lado em que começou em relação à trave.

Foto:Federação Internacional de Ginástica

Como Funciona o Processo Para Registro de um Movimento?

“A ginasta, o treinador ou o delegado técnico deve apresentar a descrição do elemento que se vai apresentar, normalmente acompanhado por um desenho ou por um vídeo em que esteja presente o elemento novo”, explicou Helena Lario, delegada técnica da FIG que acompanhou o Pan de ginástica do Rio em 2021, em entrevista ao Globo Esporte. No caso do “Soares”, a ginasta brasileira apresentou na trave de equilíbrio um movimento que já existia, mas agregado de um meio giro. Algo que nenhum outro ginasta havia feito até o momento e não estava no código de pontuação.

Inicialmente, é atribuído um valor provisório ao elemento. “Se a ginasta o realiza numa competição oficial da FIG ou numa competição com representante técnico da FIG com êxito, sem quedas e correspondendo à descrição apresentada, são enviados à FIG o nome da ginasta, o país pelo qual compete, a descrição do elemento e o vídeo da competição em que tenha executado o elemento com êxito. Com tudo isso, a FIG confirma e inclui o elemento no código de pontuação com o nome da ginasta. Se tiver sido executado por duas ou mais ginastas, não levará o nome. Não posso dizer agora se já está, porque foi ontem, mas como representante do Comitê Técnico, mando para o Comitê e na próxima publicação do código deverá constar o elemento”, completou a delegada.

Na ginástica artística, a cada elemento é atribuída uma letra no código de pontuação, que se refere ao valor na nota atribuída ao seu grau de dificuldade. Essa gradação varia de “A” a “H”. Ao Soares foi atribuído o valor “D”.