Levantamento feito com as 250 maiores marcas de moda mostra descaso da indústria com a pauta climática
Empresas da moda investem cada vez mais em baratear seus processos, afetando trabalhadores e sem se comprometer com melhorias ambientais, estando longe de alcançar metas ideias de descarbonbização
“Qual o combustível da Moda?” é o mais recente relatório divulgado pela organização Fashion Revolution, sobre como a indústria da moda continua poluindo livremente e sem demonstrar compromisso com mudanças para diminuir o uso de combustíveis fósseis em seus processos.
Utilizando informações públicas e disponibilizadas pelas próprias empresas a partir de janeiro de 2022, o relatório aponta os avanços da descarbonização das 250 maiores empresas de moda do planeta e pontua a partir do quanto elas se empenham em ser transparentes acerca de seus modos de produção e o quanto mostram esforços no caminho para a descarbonização.
Quanto mais a marca transparece iniciativas que busquem fazer uma transição verde e justa de suas produções, maior são suas porcentagens. Contudo, infelizmente, os resultados são alarmantes: quase um quarto das 250 empresas avaliadas não divulgam nada sobre descarbonização, o que significa que a crise climática não é uma prioridade para elas.
A marca que melhor pontuou das analisadas foi a Puma (75%), seguida da Gucci (74%) e H&M (61%).
Já no final da lista, 32 das marcas obtiveram 0% no ranking, indicando que não possuem transparência e não se preocupam em se esforçar para melhorar seus processos de fabricação. Dentre essas estão as famosas: Fashion Nova, Forever 21, KOOVS, Reebok, Revolve, Saks Fifth Avenue, Savage X Fenty, Tom Ford, dentre outras.
Desigualdade climática
Outro ponto salientado na análise foram as relações trabalhistas.
“Em vez de investir em uma transição justa de combustíveis fósseis, como carvão, para fontes de energia renováveis, como eólica e solar, para abastecer a cadeia de suprimentos da moda de forma limpa, as marcas de moda estão transferindo os custos para as fábricas com as quais trabalham, sobrecarregando trabalhadores e comunidades com a solução de um problema que elas não criaram.” diz um trecho do relatório.
Lembrando que, as marcas analisadas pela Fashion Revolution têm um faturamento anual de mais de US$400 milhões.
Mesmo que o calor extremo e as inundações provenientes das mudanças climáticas sejam uma ameaça para os principais centros de produção de vestuário do planeta (análise da Análise do Global Labor Institute da Universidade Cornell e da Schroders), afetando 1 milhão de empregos, apenas 3% (sete marcas) divulgam esforços para apoiar financeiramente os trabalhadores afetados pela crise climática pela qual a própria indústria ajuda a criar e agravar.
Além disso, 86% dessas empresas não possuem uma meta pública de eliminação gradual do carvão; 94% não tem meta pública de energia renovável e 92% não possui uma meta pública de eletricidade renovável para suas cadeias de suprimentos.
“Ao investir pelo menos 2% de suas receitas em energia limpa e renovável e na qualificação e apoiando os trabalhadores, a moda poderia simultaneamente conter os impactos do clima crise e reduzir a pobreza e a desigualdade nas suas cadeias de abastecimento. A decomposição climática é evitável porque temos a solução – e a grande moda certamente pode pagar por isso.” disse Maeve Galvin, Diretora Global de Políticas e Campanhas da Fashion Revolution.
Para ler o relatório completo acesse fashionrevolution.org/transparency/