O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), está no centro de uma nova investigação envolvendo o desvio de verbas destinadas a creches municipais. As acusações surgem de um vídeo obtido pela Folha de S. Paulo, no qual Rosângela Crepaldi, uma investigada no caso conhecido como “máfia das creches”, afirma que Nunes recebeu repasses de dinheiro desviado de unidades de ensino infantil enquanto ainda era vereador.

Rosângela Crepaldi, alvo de uma operação da Polícia Federal que apura ligações entre um escritório de contabilidade e empresas envolvidas em desvios, gravou um vídeo no qual detalha que o atual prefeito teria recebido valores desviados através de sua empresa familiar, a Nikkey Serviços S/S Ltda. O vídeo foi produzido por razões de segurança e não tinha a intenção de ser divulgado publicamente, conforme a defesa de Crepaldi.

De acordo com as investigações, ONGs que administram creches municipais estariam devolvendo parte dos valores recebidos, disfarçados como despesas com materiais, por meio de cheques, depósitos e boletos, a pessoas ligadas à administração dessas entidades. Documentos revelados pela Justiça Federal indicam que, em 2018, Nunes e a empresa Nikkey receberam dois cheques no valor de R$ 5.795,08 cada, além de outros R$ 20 mil enviados pela empresa Francisca Jacqueline Oliveira Braz, suspeita de estar envolvida nos desvios.

A assessoria de Nunes nega qualquer irregularidade e afirma que nunca foi acusado no inquérito que investiga Rosângela. Segundo a nota, o vídeo divulgado a dois meses das eleições é visto como uma tentativa de prejudicar sua imagem.

Rosângela afirma que o dinheiro que Nunes e sua empresa teriam recebido não foi destinado a serviços prestados, como alegado por Nunes, mas sim retornado como parte do esquema de desvios. Ela também mencionou repasses milionários feitos pela Acria, uma entidade que gere creches conveniadas com a prefeitura e que tem ligação com pessoas próximas a Nunes.

A investigação da Polícia Federal, que já tem mais de 20 mil páginas, não apresenta acusações diretas contra Nunes ou a empresa Nikkey até o momento. No entanto, documentos de 2022 mencionam suposto envolvimento do prefeito e da empresa familiar em esquemas de desvio de verbas públicas.

Os investigados, incluindo Elaine Targino, presidente da Acria, e Valderci Malagosini, ex-subprefeito, negam qualquer participação nos desvios. Targino descreveu a Acria como uma organização séria e responsável, enquanto Malagosini ressaltou sua trajetória de ética e trabalho árduo.

*Com informações da Folha de São Paulo