O crescimento do skate pós-Olimpíada, o fenômeno Rayssa e resistência contra a marginalização
O skate estreou nos Jogos Olímpicos em 2021, e foi um sucesso. Para o Brasil, o saldo disso foi muito além de três medalhas: o skate ganhou mais apoio e visibilidade, após décadas de marginalização.
Por Patrick Simão, Além da Arena
Em Tóquio 2020, o skate foi uma das modalidades que estreou nos Jogos Olímpicos e o sucesso foi imediato. Quando falamos do Brasil, esse sucesso é ainda maior, com protagonismo e três medalhas: as pratas de Rayssa Leal e Kelvin Hoefler no Street, e de Pedro Barros no Park.
Esses resultados renderam muito mais do que medalhas para o skate brasileiro, mas também uma visibilidade e apoio poucas vezes visto no esporte, por mais popular que ele seja no país. Os Jogos Olímpicos são o ponto alto do calendário esportivo mundial e provocam essa visibilidade em quase todos os esportes. Porém, com o skate, o sucesso foi ainda maior. As transmissões das competições ganharam cada vez mais audiência no Brasil, assim como as vendas de produtos relacionados ao esporte.
O principal destaque neste intervalo de três anos certamente foi Rayssa Leal. A maranhense tinha apenas 13 anos quando brilhou em Tóquio e, nos últimos três anos, ganhou várias etapas da SLS e se tornou a melhor do mundo no Street. Junto aos resultados, ela carrega consigo muito carisma e um apelo que impulsionam a popularidade do esporte no país.
Outros importantes destaques dos últimos anos são: Pâmela Rosa, Felipe Gustavo, Luiz Francisco, Dora Varella, Isadora Pachevo, Kelvin e Pedro Barros, além de nomes históricos como Bob Burnquist, Letícia Bufoni e Sandro Dias.
A chegada do skate às Olimpíadas teve o intuito de atrair um público mais jovem ao evento. No Brasil, o skate sempre teve uma representação cultural muito forte, com grande popularidade, mas sem tanta visibilidade historicamente.
A prática do skate no Brasil foi marginalizada e estigmatizada por décadas, e já chegou a ser proibida, em São Paulo, no ano de 1988, por Jânio Quadros (então no PTB). A medida só foi revogada no ano seguinte, quando Luiza Erundina (então no PT) assumiu a prefeitura da capital paulista.
O skate representa uma parcela importante da cultura nacional, que, em muitos momentos, foi marginalizada e respondeu sendo resistência. A chegada do esporte às Olimpíadas impulsionou a forma como ele é visto e atrai cada vez mais pessoas para acompanhá-lo e consumi-lo.
Nos Jogos Olímpicos de Paris, em 2024, o Brasil será representado por 12 skatistas: Rayssa Leal, Pâmela Rosa, Dora Varella, Isadora Pachevo, Raicca Ventura, Gabi Mazetto, Kelvin Hoefler, Pedro Barros, Felipe Gustavo, Giovanni Vianna e Augusto Akio.