Por Luiza Corrêa e Guilherme Jeffe

Da última vez que se encontraram, Lorena e Priscila enfrentavam fases bastante diferentes em suas respectivas equipes. A primeira, vestindo a camisa 23 do Grêmio, erguia sua barreira quase impenetrável à frente do gol e brigava para manter sua equipe na parte de cima da tabela. Enquanto isso, Priscila, a recém escolhida Rainha da América, sofria com a dificuldade para voltar a marcar, porém sem perder a garra de impedir que o Colorado permanecesse na zona de rebaixamento. O jogo foi um placar de 2 a 0 sem muitas surpresas para o tricolor, o que distanciou ainda mais os dois momentos que viviam. 

Contudo, com o passar das rodadas, o Internacional conseguiu se reerguer e atingiu uma certa estabilidade contra adversários mais fracos, alcançando assim a tão sonhada zona segura da tabela. Do outro lado, o Grêmio se manteve entre os seis primeiros colocados e segue classificado para a segunda fase. 

No meio de tudo isso, fora das quatro linhas da rivalidade Gre-Nal, Lorena e Priscila voltam a se encontrar na lista de convocadas de Arthur Elias. A goleira assume o papel de defensora titular para as Olimpíadas, enquanto a camisa 21 da seleção viaja como atacante suplente. Sabendo da importância que as duas jogadoras têm para os seus clubes, te convidamos a conhecer a paulista e a potiguar mais gaúchas que vão invadir Paris em busca da medalha de ouro. 

Lorena da Silva Leite

Foto: Thais Magalhães/CBF/JC

Natural de Ituverava, interior de São Paulo, a goleira de 27 anos é vista como a goleira titular da seleção brasileira por Arthur Elias e pelo preparador de goleiras, Edson Alcantara. Suas melhores características, segundo Alcantara para o GZH, são as bolas aéreas, enfrentamento 1×1 e pênaltis. Lorena fez suas categorias no Bangu, Centro Olímpico – onde foi terceira escolha em 2016 – e Grêmio, tendo sido emprestada para o Sport Recife entre 2017 e 2019, quando retornou ao tricolor para firmar-se na equipe. Em 2021, assumiu a titularidade da equipe gaúcha e foi convocada para a seleção pela primeira vez naquele ano. 

Com 1,83m de altura, a atleta logo tornou-se referência no Imortal e na seleção, passando a ser constantemente convocada, com a expectativa de que fosse a goleira do ciclo Tóquio-Paris, o que se concretizou. Destaque na Supercopa Feminina de 2022, quando o Grêmio encarou o Corinthians em Itaquera com público de mais de 48 mil pessoas, Lorena mostrou para o Brasil que estava pronta para assumir a responsabilidade da seleção. A vitória não veio naquela ocasião. Gabi Zanotti anotou um gol aos 48’ do segundo tempo, mas Lorena segurou tanto quanto pôde. Naquele mesmo ano, foi campeã da Copa América Feminina pela seleção. 

A torcida gremista confia cegamente na goleira em momentos decisivos, e agora também caminha para afirmar-se como o principal rosto das redes brasileiras. Sabendo de toda a capacidade da Lorena, esperamos que a arqueira deixe tudo em campo, como sempre faz, e seja protagonista na briga pelo ouro. Motivo de orgulho para o futebol gaúcho, especialmente a parcela azul do mapa, se consagrará de vez na amarelinha. Voa, Lorena!

Priscila Flor da Silva

Foto: Confederación Sudamericana de Fútbol, flickr


Nascida no Rio Grande do Norte, a jovem atacante do Internacional é tida como a maior descoberta do clube nos últimos tempos. Jogadora ofensiva e criativa, Priscila iniciou a experiência como jogadora no projeto social 10 da Bola, no seu estado natal. O projeto, criado para dar esporte e lazer de forma gratuita e voluntária a crianças e adolescentes das comunidades carentes da zona metropolitana de Natal, fez Priscila descobrir e refinar as habilidades no futsal e no futebol 7. Ao GZH, o fundador do projeto, Francisco Gonçalves, contou que aos 14 anos, a atleta já jogava em times adultos de futebol 7 e, aos 15, jogou seu primeiro campeonato em um campo. Depois disso, voltar para as quadras não era uma ideia que agradava a menina. 

A primeira tentativa de conseguir um time de futebol para Priscila passou pela Ferroviária em 2021. Gonçalves enviou um vídeo editado de uma performance extraordinária da atacante em um amistoso adulto para o clube de Araraquara. Priscila foi chamada, porém depois de uma semana foi liberada. Nesse mesmo dia, Fábio Sanhudo, que na época treinava o Sub-18 do Internacional, pediu que levassem a jogadora até Porto Alegre. Depois de dois ou três meses aprovada pelo time gaúcho, o clube assinou com ela um contrato profissional de três anos. 

Em sua primeira experiência na equipe principal, Priscila entrou em campo aos 20 minutos e marcou dois gols diante do Elite, pelo Campeonato Gaúcho de 2021. Desde então, a atacante colorada já conquistou dois Campeonatos Gaúchos Sub-17, dois Campeonatos Gaúchos Sub-20, um Gauchão e uma Ladies Cup. Suas maiores conquistas individuais até agora foram a artilharia da Libertadores da América 2023, com oito gols, e o posto de Rainha da América. Essas conquistas, inclusive, renderam sua primeira convocação para a seleção principal na última data FIFA do ano passado. Na sua estreia, em um grande jogo contra a seleção do Japão na Arena Corinthians, a atleta potiguar marcou um gol e consagrou a vitória brasileira por 4 a 3. 

Priscila tem uma carreira jovem e um potencial gigante para surpreender e ficar marcada para além de um ídolo para a torcida colorada. Disputando uma Olimpíada, a menina tem a chance de mostrar a todo o Brasil o que o Rio Grande do Sul e, principalmente, o que a torcida colorada já sabe: sua garra e seu amor pela camisa são gigantes. Seremos, Prigol! Seremos!

Com informações da GauchaZH, Portal do Gremista e Site Oficial do Sport Clube Internacional