Por Mika Macedo, para cobertura colaborativa da NINJA Esporte Clube.

Foto: Divulgação

A estratégia de escolher um embaixador que represente o espírito olímpico, promovendo a história e a cultura da cidade sede além do acolhimento dos atletas de fora, foi adotada no Jogos de Munique em 1972, quando um cachorrinho da raça Dachshund (a famosa salsichinha aqui no Brasil) chamado Waldi, foi escolhido para representar oficialmente o Jogos na Alemanha, então Alemanha Ocidental. O bichinho que foi escolhido por representar os atributos descritos como necessários para atletas — resistência , tenacidade e agilidade —  fez tanto sucesso, que a rota da prova da maratona olímpica era o formato do cachorro, tendo o percurso iniciado em seu “pescoço” correndo em sentido anti-horário, além disso, Waldi foi vendido em formato de pelúcia,  brinquedo de plástico, botões, pôsteres, adesivos e broches. 

Foto: Divulgação

Em 1976 foi a vez de Amika. O castor, que é símbolo nacional no Canadá, representa também a paciência e o trabalho duro. Amika  tinha em volta do seu corpo uma listra vermelha com a logomarca dos Jogos de Montréal, também tinham a versão do mascote com a fita multicolorida, sendo essas as cores do Comitê Organizador. A escolha do animal se deu pelo fato de o castor aparecer no verso da moeda de cinco centavos nacional e em vários selos. Já o nome Amika significa “castor” em Algonquin, idioma bem difundido entre a população indígena do Canadá.

Mikhail Potapych Toptygin, mais conhecido como Misha, virou uma estrela quando representou muito bem os Jogos de Moscou em 1980. 

O urso que é um dos animais mais populares da Rússia, então União Soviética, foi escolhido através de uma votação popular, e seu desenho foi escolhido através de um concurso, tendo como vencedor, o ilustrador de desenhos infantis Victor Chizhikov (1935-2020). 

O design de Misha era um pequeno filhote de urso pardo europeu, fofinho e sorridente, usando uma fivela dourada em forma de cinco aneis olímpicos, o que foi visto como uma forma de combater a imagem do “grande e brutal urso russo”.

Como forma de divulgação do mascote, em Junho de 1978, Misha decolou em um foguete soviético para passar algum tempo na estação espacial Salyut 6. 

Mas o ponto alto do mascote, foi quando em um momento emocionante no encerramento dos jogos, havia um mural de Misha que derramava lágrimas de felicidade, tendo em seguida um balão no formato do mascote sendo solto no céu da capital.
O sucesso foi tanto, que em 1988, a empresa aérea americana Pan Am, em parceria com a Walt Disney e a editora Soviética Physical Culture and Sports, fizeram uma capa do encontro entre Misha e Mickey Mouse para a revista em quadrinhos.

Até hoje o animal é vendido como souvenir em Moscou, provando ser o mascote mais popular dos Jogos Olímpicos.

Foto: Divulgação

Quatro anos depois, Sam the Olympic Eagle ficou encarregado de representar os Jogos Olímpicos de Los Angeles de 1984. Inicialmente, houve o plano do mascote ser um urso, o símbolo do estado da Califórnia, mas após o sucesso de Misha, 4 anos antes, a ideia acabou por ser abandonada. A escolhida então foi a águia, que é o símbolo patriótico estadunidense. Sam, como era chamada de forma corriqueira, foi projetada por artistas da Disney que criaram personagens como o Pato Donald. A águia era claramente uma homenagem ao símbolo nacional mais famoso na época, o Tio Sam, e usava gravata borboleta com uma cartola nas cores da bandeira nacional e com desenho dos anéis Olímpicos.

Foto: Divulgação

20 anos depois de Waldi, mais um cachorro foi escolhido para ser o mascote oficial dos Jogos Olímpicos. Cobi (estilizado como CoBi), que era cão-de-montanha humanizado em estilo cubista, foi desenvolvido pelo cartunista Javier Mariscal para os Jogos de 1992 que aconteceram em Barcelona, na Espanha. O nome, CoBi, é uma alusão a COOB’92, abreviatura do Comitê Organizador Olímpico de Barcelona ’92.

Por ter sido desenvolvido por técnicas diferentes das corriqueiras e fugindo da escola de desenhos animados Walt Disney, CoBi tinha uma aparência de um animal antropomórfico o que gerou um medo inicial de que não seria bem aceito, mas ao longo dos Jogos, o mascote foi acolhido, participou de propagandas, virou souvenirs e protagonizou o desenho animado “CoBi e sua turma”, que contava as aventuras do cachorro com os seus amigos.

Foto: Divulgação

Em 2004, os Jogos Olímpicos voltaram ao berço, Atenas, e foram considerados um marco pela ligação entre a Grécia Antiga e os Jogos Modernos. Os mascotes escolhidos foram dois: Phevos e Athena, sendo Phevos o deus Apolo, representante do Sol, da música e das artes. Já Athena, a deusa Atenas, dona da sabedoria e protetora da cidade de Atenas.

O design dos mascotes trouxe um projeto diferente dos anteriores, dessa vez, não se inspirando em animais, mas num tipo de bonecas do século VII a.C., as “daidalas”, que simbolizam o prazer de brincar e os valores Olímpicos.

Por mostrarem o elo entre a história Olímpica grega e os Jogos da Modernidade, a dupla de mascotes foi muito bem aceita, tendo estampado roupas, broches e outros presentes.

Foto: Divulgação

Bem-vindo a Beijing! (Běijīng huānyíng nǐ em chinês) Esse era o significado da junção dos nomes dos cinco mascotes do Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008. A turma conhecida como Fuwa, que em tradução para o português é algo como “bonecas da boa sorte”, era composta por Beibei, Jingjing, Huanhuan, Yingying e Nini, sendo cada um deles, colorido com a cor de um anel olímpico, representando então cada um dos cinco continentes do planeta Terra. Beibei é um peixe que representa o elemento água, a prosperidade e os esportes aquáticos. Da cor azul, Beibei representa também o continente europeu.  Jingjing é um panda que representa a floresta, a felicidade e os esportes da força. Da cor preta, representam o continente africano. Huanhuan é a chama Olímpica. Da cor vermelha, representa o fogo, a paixão e os esportes que usam bola. Da cor vermelha, leva consigo a representatividade do continente americano. Yingying é um antílope tibetano representante da terra, da saúde e do atletismo. Da cor amarela, representa o continente asiático. E por fim, Nini, uma andorinha verde que representa o ar, a boa sorte e a ginástica. Seu anel esverdeado é o representante da Oceania. 

Os Fuwa foram muito bem aceitos e tiveram uma série de animes com 100 episódios chamado “As Aventuras Olímpicas de Fuwa”, também estão no jogo de videogame “Mario & Sonic at the Olympic Games”.

Foto: Divulgação

A primeira edição dos Jogos Olímpicos na América do Sul não poderia ser numa cidade diferente. O Rio 2016 foi uma grande festa e o mascote teria que ser a altura, e assim foi. Vinicius foi criado a partir do design que representava a fauna brasileira, combinando a agilidade dos felinos, o balanço dos macacos e a graça dos pássaros. Vinicius tem suas pernas e braços longos e que podem ser esticados ainda mais, e tem por sua missão, levar a alegria para todo mundo e celebrar a amizade entre os povos. Cumprindo seu papel com maestria, o embaixador chegou a desfilar no encerramento dos Jogos no Rio usando o vestido que Gisele Bündchen usou na abertura.

O nome foi escolhido através de voto popular, e é uma homenagem ao letrista e poeta Vinicius de Moraes.

A recepção pelo público foi melhor do que o esperado. Vinicius estampou roupas, sandálias, broches e pins, além das pelúcias que foram entregues aos atletas medalhistas e vendidas como souvenirs em toda cidade. 

Foto: Divulgação

Nos Jogos deste ano, em Paris, os mascotes são os Phryges. Sendo desenvolvidos a partir de um gorro conhecidos como “gorros da liberdade”, os mascotes são bordados nas cores vermelha, branca e azul. Essas toucas foram usadas pelos republicanos em 1789 na tomada da Bastilha, durante a Revolução Francesa.

Phryges tem o papel de promover ideais como a diversidade, inclusão, amizade e respeito. Assim como os anteriores, os mascotes franceses têm aparecido em materiais promocionais, produtos licenciados, coletivas de imprensa e quaisquer eventos relacionados às Olimpíadas. 

Ficamos na torcida para serem bem aceitos e consigam levar a mensagem nesse momento de união dos povos.