Por Noé Pires

Com apenas 18 anos, Xamuel (@xamuel08) já deixou sua marca nas batalhas de rima mais ferozes de São Paulo e Rio de Janeiro. Este jovem talento começou sua trajetória no rap aos 11 anos, quando ainda participava de competições regionais. Seu estilo rápido e sagaz logo o destacou no cenário nacional, vencendo eventos importantes como o “Rap in Cena” e integrando a famosa Batalha da Aldeia (BDA).

A ascensão meteórica de Xamuel foi catalisada pelo poder das redes sociais, especialmente o TikTok. Seus vídeos, que rapidamente se tornaram virais, o transformaram em um dos MCs mais seguidos na plataforma, com uma impressionante base de 3,4 milhões de seguidores.

Mas Xamuel não é apenas um mestre das rimas; ele é também um artista com uma profunda consciência social e um estilo autêntico. Desde o início, ele destacou o papel transformador do rap na sociedade, abordando temas do cotidiano da periferia, promovendo a aceitação, resistindo às injustiças sociais e fomentando a conscientização coletiva. Visualmente, Xamuel criou um estilo próprio, influenciado pelo streetwear e reforçando sua autoexpressão através da moda agênera.

A canção “Alguém Conseguiu Entender?” chamou a atenção de grandes gravadoras, levando Xamuel a assinar com a Universal Music Brasil, uma das maiores gravadoras do país. No entanto, foi a música “Ninguém Precisa de Padrão” que o fez ser conhecido por um público maior. Produzida para uma propaganda da marca de beleza Luna Beauty, a canção de 30 segundos incentivava as pessoas a desafiar os rótulos e a abandonar a ideia de padrões de beleza, ecoando uma mensagem poderosa e inclusiva.

Embora admirado por muitos pela sua trajetória inspiradora, Xamuel também enfrenta detratores. No tribunal da internet, críticos questionam seu estilo e a autenticidade de sua arte. No entanto, ele continua a carregar em sua música o amor, a solidariedade e as questões sociais que são a espinha dorsal de sua obra.

Um artista cuja sensibilidade transparece em cada uma de suas obras, tem enfrentado uma batalha silenciosa nas redes sociais. Alvo constante de ataques virtuais, ele se tornou uma voz crucial em um debate que, até pouco tempo, era considerado um grande tabu. No cenário atual, onde os detratores parecem multiplicar-se a cada dia, a coragem de Xamuel em expor essa realidade se destaca. Sua postura aberta e vulnerável ilumina como a toxicidade online afeta profundamente a saúde mental dos artistas, ressaltando a importância de trazer essa discussão para o centro das atenções. Em um mundo digital onde a visibilidade pode ser uma faca de dois gumes, Xamuel transforma sua dor em uma plataforma de conscientização, mostrando que, mesmo em meio ao caos, é possível encontrar uma voz forte e ressonante.

Recentemente, Xamuel lançou “Mortal Pra Trás”, uma colaboração com os artistas Sidoka e MATTd, que já está fazendo sucesso nas plataformas digitais, consolidando ainda mais seu lugar no cenário musical.

Xamuel é, sem dúvida, um testemunho vivo do poder transformador do rap. Seu sucesso não só reflete seu talento, mas também seu compromisso com a arte como um veículo de mudança social.

O S.O.M, “Sistema Operacional da Música”, o canal de música da Mídia NINJA, bateu um papo com o artista Xamuel. 

Como vai você? Tem se sentido bem? Como você tem se sentido hoje em dia em relação a sua carreira e tudo que tem conquistado até aqui?

Tô bem, obrigado por perguntar. A vida tem sido uma loucura, mas é uma loucura boa, sabe? Tenho me sentido muito grato por tudo que conquistei até agora. Minha carreira está crescendo mais rápido do que eu imaginava, e é incrível ver como as pessoas estão se conectando com a minha música e as minhas mensagens.

A música como refúgio: Em suas músicas, você aborda temas como aceitação, resistência às injustiças sociais e conscientização coletiva. Você acredita que o rap pode ser um agente de transformação social e ajudar a quebrar o estigma em torno da saúde mental? Você acredita que a arte pode ser um instrumento de cura e autocuidado?

Com certeza, o rap tem um poder transformador. Eu acredito que a música pode ser uma ferramenta poderosa para conscientizar e inspirar as pessoas. Além disso, a arte é um meio de cura e autocuidado tanto para quem cria quanto para quem consome.

Temos visto cada vez mais artistas falando sobre um assunto que até um tempo atrás era um grande tabu. Ainda mais em um momento onde os ataques de ódio têm crescido nas redes sociais. Nos conte: você acha importante que os artistas e pessoas com grande visibilidade tragam o assunto à tona?

Acho super importante que a galera com visibilidade fale sobre temas tabus, especialmente agora, com o aumento dos ataques de ódio na internet. Como artista, a gente tem uma plataforma que alcança muitas pessoas e pode ajudar a mudar mentalidades. Quando falamos abertamente sobre esses assuntos, estamos mostrando que é ok ser diferente, que a diversidade é normal e que todo mundo merece respeito. Eu mesmo já enfrentei bastante hater na internet por causa das minhas escolhas de maquiagem e roupas. Mas quando outros artistas se posicionam, isso dá força pra quem tá passando por situações parecidas e também ajuda a educar quem ainda tem preconceitos. A gente não vai mudar o mundo de uma hora pra outra, mas esses debates fazem diferença. É uma forma de resistência e de lutar por um mundo mais inclusivo e justo.

Você é um constante alvo desses ataques. Como você se sente em relação a esses ataques?

É difícil, não vou mentir. No começo, esses ataques me abalavam muito. Mas, com o tempo, aprendi a não deixar esses comentários me definirem. Tenho uma rede de apoio incrível e focar nas pessoas que me apoiam faz toda a diferença. Também tento usar essas experiências como inspiração pra minha música, transformando a negatividade em algo positivo.

Quais são seus planos para o futuro em relação à sua carreira musical e ao uso das redes sociais? Você pretende continuar usando sua plataforma para promover mensagens positivas e contribuir para a criação de um ambiente online mais acolhedor e inclusivo?

Meus planos são continuar crescendo como artista e usar minha música pra espalhar mensagens positivas. Nas redes sociais, quero continuar promovendo um ambiente inclusivo e acolhedor. Vou seguir falando sobre temas importantes como saúde mental e justiça social, e espero inspirar outras pessoas a fazerem o mesmo.

Você já passou por momentos em que sentiu que sua saúde mental precisava de atenção? Como você lidou com esses desafios? O que te motivou a buscar ajuda profissional e quais foram as principais lições que você aprendeu com essa experiência?

Sim, já passei por momentos difíceis. Reconhecer que eu precisava de ajuda foi o primeiro passo. Além de ter pessoas que eu amo e confio do lado, buscar ajuda profissional foi fundamental para entender e lidar com meus sentimentos. Aprendi a importância de falar sobre o que estou passando e a não ter vergonha de pedir ajuda.

Qual recado você gostaria que as pessoas soubessem sobre saúde mental? Algo que se alguém te contasse antes, faria diferença nos dias de hoje.

Eu gostaria que as pessoas soubessem que tá tudo bem não estar bem o tempo todo. Se abrir e falar sobre seus sentimentos não é sinal de fraqueza, mas sim de coragem. E buscar ajuda profissional pode fazer toda a diferença. Então, se você está passando por um momento difícil, não hesite em procurar ajuda. Você não está sozinho.