Conhecimento ancestral quilombola ajuda no combate a incêndios no Pantanal
Originários da Chapada dos Veadeiros, em Goiás, esses brigadistas trazem consigo um conhecimento ancestral do fogo
No coração do Pantanal brasileiro, onde a fumaça turva o horizonte e o fogo devasta a vegetação, brigadistas quilombolas Kalungas têm se destacado como aliados essenciais na luta contra os incêndios. Originários da Chapada dos Veadeiros, em Goiás, esses brigadistas trazem consigo um conhecimento ancestral do fogo, herdado de gerações passadas que dominavam técnicas de manejo do Cerrado.
Em entrevista ao Jornal Nacional, Pedro Henrique Aquino, chefe de brigada, compartilha que sua família sempre praticou técnicas de roça de toco, uma prática que envolve a prevenção para controlar o fogo e evitar que se alastre descontroladamente. Para ele e seus colegas, o trabalho na brigada é uma continuação natural desse legado, onde o contato com o fogo é parte integrante de sua identidade cultural.
Além dos desafios visíveis das chamas que consomem a vegetação, os quilombolas também enfrentam o desafio do “fogo subterrâneo”, alimentado por camadas de solo ricas em material orgânico. Esta forma de fogo pode continuar a arder por períodos prolongados, exacerbando a destruição do bioma.
Para combater eficazmente este tipo de incêndio, os brigadistas utilizam técnicas tradicionais: equipados com enxadas e sopradores, abrem corredores estratégicos para remover o material orgânico que alimenta as chamas. Esta abordagem não só controla o fogo visível, mas também visa extinguir suas fontes subterrâneas, preservando assim o ecossistema frágil do Pantanal.
Desde o início do ano, mais de 700 mil hectares foram consumidos pelas chamas no Pantanal. Apesar da dor de testemunhar a devastação da flora e fauna local, Guilherme Pereira, outro brigadista, destaca o compromisso da equipe em preservar a natureza, uma missão para a qual estão preparados e dedicados.
Esta colaboração entre conhecimento ancestral e tecnologias modernas destaca a importância vital das comunidades locais na preservação de ecossistemas tão preciosos como o Pantanal, enfatizando a necessidade urgente de estratégias integradas de conservação e manejo ambiental.