O audiovisual brasileiro e a luta LGBTQIAPN+
Narrativas queer brasileiras destacam a resistência e a diversidade nas telas
Por Milene Souza
No mês da diversidade, entra em pauta o debate sobre o espaço da comunidade LGBTQIAPN+ dentro de diversas esferas, e no audiovisual não é diferente.
Nos últimos anos, temos observado o crescimento exponencial da representação de nossos corpos seja nos streamings, televisão, e em diversos meios. Além de vários festivais de cinema que foram surgindo à medida em que esse espaço foi sendo conquistado em diversas regiões do país, até mesmo nos estados mais homofóbicos. Como exemplo o festival TransForma, que sediará sua 6° edição do dia 7 a 18 de dezembro, em Florianópolis – Santa Catarina, o estado aparece em 4° lugar no ranking de registros de violência contra a população LGBTQIAPN+ segundo registros do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, publicado em 2021, além de criarem projetos de lei que proíbem a participação de crianças em paradas LGBT+ no Estado, reforçando ainda mais a força de intolerância que já presente no cotidiano da população catarinense.
Mesmo assim, a comunidade resiste e mostra sua força através da arte e expressa toda nossa luta ocupando estes espaços, que já foram majoritariamente dominados pelo preconceito.
Em 2024, teremos muitas estreias de diretores e produtores LGBTQIAPN+ brasileiros dentro do setor, dentre eles estão:
“13 Sentimentos”: Dirigido por Daniel Ribeiro e produzido por Fernando Sapalli, o filme conta a história de um jovem cineasta que termina um relacionamento de 10 anos e entra em busca de um novo amor, o filme estreou no mês de junho e ainda está nas salas de cinema de São Paulo.
“Chase”: Dirigido por Tatiana Issa e Guto Barra. O longa retrata a história do primeiro bailarino do balé moderno em uma companhia feminina, lutando por um mundo de balé mais inclusivo. O filme estreará no festival Rio LGBTQIA+ em julho de 2024.
“(Sub)urbana”: Dirigido por Vini Poffo, acompanha a trajetória de Laura no mundo do teatro. O longa será exibido dia 25/11 no festival TransForma em Florianópolis – SC.
“Presença”: Dirigido por Erly Vieira Jr, Marcus Vinícius, Rubiane Maia e Castiel Vitorino Brasileiro fazem uma reflexão sobre os limites que apontamos para nossos próprios corpos. O documentário será estréia no festival Rio LGBTQIA+ em julho de 2024.
“Terra Sem Pecado”: Dirigido por Marcelo Costa série documental “Terra Sem Pecado”, que aborda o gênero e a sexualidade em sua mais diversa amplitude entre os povos indígenas e a presença constante do preconceito e da LGBTQfobia dentro e fora das aldeias. O documentário está disponível no YouTube.
Apesar de todos os avanços, ainda carecemos de reconhecimento em algumas áreas, principalmente dentro das grandes produções e estúdios. O setor audiovisual brasileiro precisa pressionar o poder público em prol da criação de leis de incentivo direcionadas à comunidade LGBTQIAPN+, tornando o mercado mais receptivo e aberto a estes profissionais que muitas vezes tem a qualificação necessária para trabalhar dentro de qualquer produção, porém, o preconceito e a discriminação por parte dos grandes estúdios os afasta, e quando oferecem a oportunidade o salário é abaixo da tabela, além de todo preconceito e hostilidade que o LGBT+ acaba enfrentando neste meio.
A partir da criação de leis, toda produtora será induzida legalmente a contratar mais mulheres e homens LGBTQIAPN+ que estão na incessante busca de ocupar esses espaços. Dessa forma o audiovisual brasileiro se tornaria mais diverso e inovador, trazendo temáticas mais abrangentes e com mais representatividade, tanto nas telenovelas, quanto no cinema.
Em suma, as leis de incentivo direcionadas aos LGBTQIAPN+ no audiovisual brasileiro são fundamentais para a construção de uma sociedade mais inclusiva e justa, além de contribuírem para a qualidade e diversidade da produção cultural do país. Deixando as telas e sets de filmagem mais coloridos.