Documentário inédito mostra o cotidiano de comunidades ribeirinhas do Amazonas
A ideia é sensibilizar o público sobre a importância dessas comunidades e suas relações com os rios, promovendo a reflexão sobre o desenvolvimento sustentável na região
O cineasta Leandro Xavier está lançando um novo documentário, “Rios da Vida- Hidrovias da Amazônia pelo Olhar Ribeirinho”, que mostra a realidade das comunidades ribeirinhas. O filme leva o público a uma jornada pelos afluentes do Rio Negro, explorando a vida e os desafios enfrentados pelos moradores de “Livramento,” “Julião,” “Agrovila,” “Tatulândia,” “Central,” e “São João do Tupé.”
A ideia é sensibilizar o público sobre a importância dessas comunidades e suas relações com os rios, promovendo a reflexão sobre o desenvolvimento sustentável na região.
O documentário captura tradições ancestrais, histórias dos povos que vivem na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Tupé. Estas comunidades estão na linha de frente dos impactos das mudanças climáticas, do desmatamento e dos conflitos fundiários. Mais do que um filme,“Rios da Vida- Hidrovias da Amazônia pelo Olhar Ribeirinho” é um chamado à preservação, enfatizando a função vital das hidrovias amazônicas para transporte, comércio e subsistência.
“ ‘Rios da Vida- Hidrovias da Amazônia pelo Olhar Ribeirinho’ não é apenas um documentário; é um chamado à preservação. À medida que as hidrovias da Amazônia se tornam mais cruciais para o transporte, comércio e subsistência, é urgente que compreendamos sua importância e protejamos esse tesouro natural e cultural.”, explica Xavier.
O projeto foi contemplado por meio da Lei Paulo Gustavo e recebe apoio para ser desenvolvido, com objetivo de incentivar a produção cultural e audiovisual no Amazonas.
Raízes ribeirinhas e inspiração
Leandro Xavier, filho de pescadores artesanais, cresceu em uma comunidade ribeirinha e mantém uma forte conexão com suas raízes, apesar de morar em Manaus. Trabalhando com audiovisual desde 2012, Leandro sempre teve o desejo de mostrar vivências da Amazônia.
“A ideia nasceu com o período da grande seca de 2023, quis mostrar como o caboclo do interior lida com os rios, que são seus ramais, ruas e estradas.”, diz o cineasta.
Comunidades envolvidas e objetivos
As filmagens iniciaram em 31/05, na comunidade São João do Tupé, para coleta de depoimentos e vídeos dos personagens e dessas localidades. O mais importante é mostrar de forma sensível e humanizada a realidade dos povos ribeirinhos.
A produção audiovisual no Amazonas enfrenta desafios, mas o cinema local tem ganhado espaço no mercado mundial, especialmente no Brasil. Leandro destaca a importância das políticas de incentivo cultural para o fortalecimento da cadeia produtiva do cinema e a preservação do meio ambiente.
“Com o retorno das políticas de incentivo vejo com alegria que existem dezenas de produções acontecendo ao mesmo tempo no nosso estado e no Brasil. Tenho esperança que isso se torne política de Estado e não de governo. Assim teremos uma geração nova de cineastas e da consolidação da cadeia produtiva e da economia criativa da cultura brasileira. A Amazônia é um cenário cinematográfico, fortalecer a cadeia produtiva do cinema aqui neste local é também ajudar a preservar o meio ambiente.”
O Francisco Rodrigues, de 59 anos, participou, não só do documentário, como também dos bastidores. Ele guiou a equipe durante a produção, orientou sobre curiosidades e histórias que acontecem na comunidade. Para ele, o filme leva informação e conscientização para que as pessoas respeitem e cuidem da natureza.
“Isso aqui tudo faz parte da nossa vida. Se você chegar e derrubar uma árvore, você está matando milhares de vidas. Se a Amazônia tem que ser protegida, então tem vários outros lugares que você pode construir casas, imóveis e tudo mais. Vamos preservar isso aqui para o nosso futuro, dos nossos filhos e netos. Se destruir, daqui a algum tempo, isso vai causar danos para a gente mesmo. Por que já está acontecendo. Essas causas climáticas que estão acontecendo tem muito a ver com o desmatamento, com a degradação da natureza.”
Produção e lançamento
A estreia está marcada para agosto de 2024. O filme será exibido nas próprias comunidades, em escolas públicas, cineclubes e festivais, além de ser disponibilizado gratuitamente no YouTube.
A diversidade também está presente na execução do documentário. O diferencial do projeto é que a produção está totalmente trabalhando com a inclusão, como recomenda os editais.
“Rios da Vida- Hidrovias da Amazônia pelo Olhar Ribeirinho” tem a honra de possuir representatividade, e contar com a profissionalidade de pessoas com deficiência, homens homossexuais, mulheres lésbicas, pessoas pretas, mulheres trans, entre outros.
Com o “Rios da Vida- Hidrovias da Amazônia pelo Olhar Ribeirinho” Leandro Xavier pretende alcançar o maior número de pessoas possível, destacando que filmes são feitos para serem vistos e para provocar reflexão e ação em prol da preservação da Amazônia e de suas comunidades ribeirinhas.
Ficha técnica – “Rios da Vida- Hidrovias da Amazônia pelo Olhar Ribeirinho”
Leandro Xavier – Diretor, Produtor Executivo e Roteirista (Homem gay)
Alessandro Cavalcanti – Produtor Executivo (Homem hétero)
Cléber Maia – Diretor de Fotografia (Homem preto)
Raquel Soares – Assistente de Direção (Mulher preta)
Vitória Trindade Lopes – Cinegrafista (Mulher preta lésbica)
Adriando Caos – Still e making of (Homem pessoa com deficiência)
Rayanne Dias (Mulher Preta Lésbica) e Janaína de Souza (Mulher Trans) – Assistentes de Produção
Raísa Castro (Mulher de Religião de Matriz Afro) – Marketing
Gustavo Felipe Marques – Imagens aéreas
Rebeca Beatriz – Assessoria de Imprensa