Por Laura Süssekind

Juliana Curi é uma diretora de cinema brasileira, premiada, cujo trabalho foca em temas impactantes, como feminismo, diversidade e justiça social. Reconhecida internacionalmente, foi premiada pela ONU Mulheres por desafiar estereótipos de gênero, e, agora, selecionada em concorrido programa do Director’s Guild of America (DGA). Essa oportunidade permite que ela receba orientação de diretores veteranos, aprimorando suas habilidades de direção voltadas a séries e televisão. Juliana foi a única brasileira na seleção e uma das poucas mulheres latinas.

A diretora lançou seu primeiro longa-metragem ‘Uýra – A Retomada da Floresta’ em 2022, e ganhou 19 prêmios, entre eles reconhecimentos da Semana do Cinema de Londres, New Filmmakers LA e One World Media. O filme foi exibido em diversos locais prestigiados, como BAM, no Brooklyn, Fondazione Prada, em Milão, e DGA Theater, em Los Angeles. O longa retrata a jornada de autodescoberta de Uyra, uma artista trans indígena que viaja pela floresta amazônica. Através da arte performática e mensagens ancestrais, ela busca ensinar jovens indígenas e enfrentar o racismo estrutural e a transfobia no Brasil.

Em entrevista exclusiva para a plataforma do Cine Set, Juliana contou que conheceu Uýra via Instagram, em 2019, em um momento da vida em que se sentia capaz de montar um longa-metragem. Disse ainda que de imediato notou que Uýra era uma das pessoas mais interseccionais com quem já havia tido contato.

A Uýra é indígena com sua ancestralidade apagada por conta do processo colonizatório violento no Brasil, logo, está em busca da sua identidade. Vive na periferia de Manaus, mas também transita na floresta. É uma bióloga da academia, ao mesmo tempo em que é uma entidade que carrega todos os espíritos da floresta. E é LGBTQIA+“, discorreu. “Ela traz todas estas lutas em torno de uma mesma causa: a preservação da vida. É uma pessoa que carrega pontes e diálogos. Para mim, foi fascinante conhecê-la a partir do meu campo de luta e estudo.

Juliana acredita que a narrativa é uma ferramenta poderosa para a transformação social. Ela fundou uma organização, a Euetu Lab, em 2021, que oferece mentoria cinematográfica e desenvolvimento profissional para jovens de comunidades periféricas e regiões de vulnerabilidade socioeconômica no Brasil.

Seu trabalho foi descrito como cativante e único pela Associação de Imprensa de Hollywood, do Globo de Ouro, além de receber elogios da Deadline e do The Hollywood Times.