Pelo menos 40 pessoas foram mortas e ao menos 65 ficaram feridas no último dia 26, em um bombardeio de Israel à zona humanitária de Rafah, na região sul da faixa de Gaza, o último refúgio de civis palestinos. Os dados foram contabilizados pela defesa civil Palestina e se somam aos mais de 35 mil mortos em Gaza.

O que acontece na Palestina é um dos maiores genocídios já vistos na história e, mais uma vez, o assassinato de mulheres não é uma casualidade. Segundo o Ministério da Saúde Palestino, desde o início da intensiva israelense em Gaza, em 7 de outubro, 70% dos mortos são mulheres e crianças.

Desde então, as mulheres palestinas exercem um papel fundamental na luta decolonial e pró-palestina. Mesmo invisibilizadas e silenciadas, a vida delas é marcada pela luta contínua por justiça e liberdade. A partir de “tarweeds”, cantos entoados por mães em luto por seus filhos, as mulheres palestinas se comunicam secretamente, disseminam mensagens de resistência, persistência e firmeza, demonstrando adaptabilidade e criatividade na luta contra a opressão. 

Relatos ao longo da história apontam que as mulheres palestinas foram as primeiras a se levantar contra os assentamentos sionistas ainda no fim do século XIX, na fase da colonização pelo mandato britânico, quando ocorreram as primeiras ondas coloniais migratórias dos sionistas europeus. 

A Nakba (“catástrofe”, em árabe) de 1948, acontecimento histórico onde mais de 750 mil palestinos foram expulsos de suas terras e mais de 500 cidades e vilarejos sumiram do mapa, foi uma época de imensa dor e deslocamento para o povo palestino. Assim, mulheres emergiram como guardiãs da cultura e da identidade Palestina, formando comitês populares com o objetivo de articular protestos, ações de desobediência civil, e garantir auxílio aos feridos nas manifestações anticoloniais.

Na “Grande Revolta”, movimento contra a política britânica que facilitava a imigração judaica para a região da Palestina, muitos homens foram presos, exilados ou estiveram envolvidos em combates. Com isso, as mulheres desempenharam funções indispensáveis na sustentação e na continuação da resistência na Palestina.

Seja como a poetisa Fadwa Tuqan, que escreveu: “Ressuscitar como uma flor com a qual a palma da mão duma criança da minha pátria irá brincar, basta-me permanecer no regaço da minha pátria. Terra, Grama, Flor.”, que segundo o ministro da Defesa israelense em 1967, Moshe Dayan: “Cada um dos seus poemas faz dez guerrilheiros.”


Seja fazendo arte, escrevendo e relatando momentos de crise, ou prestando assistência umas às outras enquanto lidam com suas perdas, as mulheres palestinas sobrevivem ao pensar coletivamente. Em meio à violência, ao abuso e genocídio, elas seguem resistindo, mesmo que cerca de 9 mil de suas irmãs de território, de sangue e de luta tenham sido assassinadas, desaparecidas e soterradas.