Promotor do Tribunal Penal Internacional pede prisão de Netanyahu por crimes contra humanidade na Palestina
A solicitação ainda precisa ser aprovada pelos juízes do TPI
O Procurador do Tribunal Penal Internacional (TPI), Karim Khan, anunciou a solicitação de mandados de prisão para o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, por crimes de guerra e crimes contra a humanidade relacionados ao massacre de palestinos, mulheres e crianças em Gaza.
Os pedidos incluem Netanyahu e o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, além de Yahya Sinwar, Muhammad Deif e Ismail Haniyeh, do Hamas. O procurador afirma que Netanyahu e Gallant são acusados de usar fome como arma de guerra e atacar deliberadamente civis. Até o momento, mais de 35 mil palestinos morreram, enquanto Israel continua bombardeando o sul.
A solicitação, que ainda precisa ser aprovada pelos juízes do TPI, representa uma grave condenação internacional ao governo de extrema-direita de Netanyahu. Israel, que não reconhece a jurisdição do TPI, poderia ver seus líderes presos ao viajarem para qualquer um dos 124 países membros do tribunal, incluindo a maioria dos países europeus.
O procurador destacou que a população de Gaza foi sistematicamente privada de suprimentos essenciais, como alimentos, medicamentos e água potável, através de um cerco total imposto por Israel, bem como ataques diretos contra civis e trabalhadores humanitários.
O TPI ressalta que, apesar do direito de Israel se defender, o uso deliberado de métodos que causam fome, sofrimento e morte entre a população civil é criminal e viola o direito internacional humanitário.
A questão humanitária em Gaza é central nas acusações contra Israel. Volker Türk, chefe de direitos humanos das Nações Unidas, já havia alertado que as restrições de Israel à entrada de ajuda em Gaza poderiam constituir uso de fome como arma, um crime de guerra segundo o Estatuto de Roma.
Especialistas em ajuda humanitária contradizem as alegações de Israel, argumentando que a crise de fome em Gaza é um resultado direto da guerra e do cerco quase completo imposto ao território.
Com cerca de 2,2 milhões de pessoas afetadas, a situação alimentar piorou drasticamente desde o início da guerra, com rigorosas verificações israelenses dificultando a entrega de ajuda humanitária.