Revista digital Mortífera Mag: o epicentro cultural na Cena Underground da Paraíba
A revolução feminina na cena underground nordestina.
Por Noé Pires
Conheça a mente por trás da revista do underground nordestino, Beatriz Jarry Sena (@beatrizjarrys), idealizadora e fundadora da revista digital “Mortífera Underground” (@mortifermag), Esta revista nasce com o intuito de divulgar e fortalecer a cena do underground nordestino, principalmente na Paraíba. Após mais de 10 anos morando em Santiago, Chile, com sua família “bra-chilena”, Beatriz retorna à sua cidade natal em 2022 para iniciar seus estudos em sua primeira graduação, jornalismo.
A “Mortífera Mag”, a revista digital gratuita do underground nordestino, surgiu em março de 2024, com a chamada “edição teste”, edição #1 que teve como objetivo analisar o engajamento local do projeto e verificar o interesse coletivo. Após receber vários feedbacks positivos, foi decidido continuar e oficializar a revista digital, com edições que resgatam a essência do zine old school e outras feitas especialmente para lançamentos e bandas atuais. Vários artistas já passaram pela curadoria da revista digital, como as bandas Margaridas em Fúria, Gatunas, Vênus in Fuzz, Azul Turquesa entre outros.
Além da revista, a página também possui um site que permite uma maior divulgação e colaboração para a cena nordestina, incluindo a criação de uma variedade de conteúdos em suas redes sociais.
No meados dos anos 80, em Campina Grande-PB, nasce a primeira banda do Brasil composta apenas por mulheres de metal extremo. Apesar de certas fontes questionarem essa informação devido à existência de uma banda sulista que nasceu ao mesmo tempo, “Placenta”, em Belo Horizonte, a resistência da Mortífera levantou a bandeira da representação feminina em uma cena unicamente formada por homens, recebendo admiração e respeito até os dias atuais pelos nordestinos, principalmente pela nova geração de mulheres. O nome foi inspirado na banda como homenagem a Kedma Villar, baterista da Mortífera e tia do coração de Beatriz.
O S.O.M, “Sistema operacional da música”, o canal de música da mídia NINJA bateu um papo com Beatriz Jarry Sena, idealizadora da revista digital “mortífera Mag”.
1 – Como a revista digital “mortífera mag underground”, pretende fortalecer e promover a cena do underground paraibano?
A revista nasceu do fruto da minha convivência com a Cena desde muito nova e a medida que fui crescendo, a vontade de fazer algo que fortalecesse o meio foi junto. Então a revista desde que foi idealizada, teve como objetivo claro divulgar o máximo possível de bandas, levantar pautas locais sobre nosso cenário e trabalhar também com conteúdo legal (e leve também) que gere conhecimento para a galera paraibana sobre a própria história do nosso meio. Nossa meta é que tanto a galera mais old school e a mais nova sinta a vontade de querer consumir nosso material, ambos são alvos necessários para manter nossa cena ativa e forte. Por isso trabalhamos de uma forma digital e futuramente impressa que possa envolver ambos públicos.
2 – Qual foi a reação da comunidade local após o lançamento da edição teste da “mortífera Mag”?
Me pegou de surpresa de como o Feedback foi positivo e até demais (rs), tem pessoas que até hoje me param para dar parabéns e pedem para não desistir. Mas aquilo, para uma edição que foi apenas um “teste” (#1) fiquei em choque! Sou eternamente grata de ter uma Cena tão receptiva quanto a Paraibana.
3 – Quais são os principais conteúdos apresentado pela revista “mortífera mag” em sua plataforma online?
Além da revista digital, nosso Instagram também está bem ativo ultimamente. Temos recomendação diária de músicas de bandas locais para você escutar, posts sobre opiniões que nos como Cena devemos debater (e cobrar também), alguns reels de locais e assim vamos. Sendo ainda algo muito novo, estamos começando agora a realmente a investir 100% no Instagram e posso garantir que vem aí vários quadros, posts e entrevistas massa!
4 – Por que a revista “mortífera” é considerada uma peça fundamental na representação feminina em uma cena predominantemente masculina?
Então, antes da Mortífera, já fui parada por vários homens em shows para diversos “QUIZ” sobre bandas e discos e além disso, fui baixista por 4 anos de uma banda escolar de adolescentes onde fui a única mulher convivendo com outros 6 adolescentes homens. Muitas dessas coisas com os anos foram juntando e, como eu, tenho certeza que várias outras garotas passaram pelas mesmas situações. Uma vez até me falaram após propor uma pauta em um meio sobre envolver mais bandas femininas e me responderam: “é só isso mesmo, botar banda com mulher no meio?”, como se fosse nada demais e isso vindo de caras que faz anos que trabalham escrevendo em zines e sites! E aí juntou e juntou essa indignação, que no momento que fiz meu projeto a primeira regra é: envolver absolutamente todas as bandas paraibanas com mulheres independente do gênero musical. No momento que você quiser ter seu trabalho divulgado, bora fazer! O próprio nome da Mortífera nasce fruto de uma banda de mulheres paraibanas, e se para muitos possa ser uma besteira falar sobre mulheres na cena, para nós é conquista! Muitos falam sobre igualdade mas quando você abre um portal focado exemplo no Metal, cabe em uma mão só a quantidade de bandas com mulheres que aparece na pagina inicial. E olha se tiver. Apenas digo e repito, como mulher, é meu dever priorizar e apoiar as bandas compostas por garotas dentro do nosso cenário musical.
“Aproveitando o espaço, quero ressaltar também que na Cena Pessoense, o apoio das mulheres entre si é sensacional. As meninas da Margaridas em Fúria, minha querida Wiliane (Rotten Flies e Halfway Dead), Olga Costa, as meninas do Melancholic Wine, minha mãe mesmo que é a maior apoiadora e assim vai. São tantas!” Ressalta Beatriz.