O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, do Governo Federal, havia emitido um alerta preocupante sobre o potencial de desastres no Rio Grande do Sul, com quase uma semana de antecedência em relação à primeira morte registrada devido às intensas chuvas no estado.

O aviso do Cemaden, de 30 de abril, destacava a iminência de desastres naturais em decorrência das condições climáticas extremas que assolavam a região. No entanto, a resposta das autoridades locais parece não ter sido adequada, conforme indica uma nota técnica divulgada pelo próprio órgão de monitoramento em 5 de maio. É o que aponta a investigação publicada pelo Poder 360.

Nesse documento, o Cemaden aponta uma falta de “resiliência” na gestão das estruturas hidráulicas em Porto Alegre, especialmente em relação às comportas e bombas de sucção que controlam o avanço das águas do lago do Guaíba, um dos principais corpos d’água da capital gaúcha.

A análise técnica sugere que tais estruturas podem ter sido “subdimensionadas” ou que não foram consideradas as possíveis variações nos volumes de chuva ao longo do tempo. Alarmantemente, as bombas de sucção foram desativadas após a ocorrência dos temporais, agravando ainda mais a situação.

Com as chuvas persistentes, o Rio Grande do Sul enfrenta uma crise humanitária, com um saldo trágico de 143 mortos e 131 desaparecidos, conforme o último boletim divulgado pela Defesa Civil neste domingo (12).

Em um trecho contundente da nota técnica, o Cemaden destaca que os desastres decorrentes de chuvas intensas são, em grande parte, consequência das atividades humanas, apontando para a necessidade urgente de ações mais robustas e eficazes de prevenção e mitigação por parte das autoridades competentes.