Especialistas alertam para riscos ambientais do ‘prédio mais alto do Brasil’, em Balneário Camboriú (SC)
O ecólogo marinho Paulo Horta (UFSC) afirma que a obra é incompatível com os desafios impostos pela emergência climática
O anúncio da construção do “Triumph Tower”, um edifício residencial projetado para alcançar 500 metros de altura na orla de Balneário Camboriú, Santa Catarina, e se tornar o prédio mais alto do Brasil, tem gerado preocupações entre especialistas ambientais e urbanistas.
A proposta de erguer o que poderia ser o edifício residencial mais alto do mundo na já densamente verticalizada orla de Balneário Camboriú levanta uma série de questões ambientais e urbanísticas. Especialistas alertam que os desafios vão além da sombra projetada na praia, afetando diretamente a vida marinha, a qualidade da água e do solo, além de impactar o clima local.
Rooseman de Oliveira Silva, professor de arquitetura e urbanismo da Universidade Tiradentes, aponta que a sombra que o “Triumph Tower” poderia lançar na areia da praia poderia limitar o acesso ao sol e afetar a vegetação costeira, essencial para a estabilidade das dunas e para a filtragem natural da água do mar. Além disso, a redução da exposição solar aumenta os riscos de contaminação bacteriana na areia, prejudicando a saúde dos frequentadores da praia.
“O tamanho da sombra será diretamente proporcional à altura do edifício e ao aumento da inclinação do sol. “Considerando que as construções são muito próximas da praia, a partir das 15 horas, a depender do lugar, os edifícios podem sombrear toda a praia, alcançando a lâmina d’água”, diz Rooseman em entrevista ao UOL.
A construção em áreas costeiras também levanta preocupações sobre o fornecimento de água e a coleta de esgoto, além de aumentar o risco de alagamentos devido à impermeabilização do solo.
O ecólogo marinho Paulo Horta, da Universidade Federal de Santa Catarina, ressalta que o empreendimento é incompatível com os desafios impostos pelas mudanças climáticas, incluindo o aumento do nível do mar e as alterações na linha costeira.
Marcos Polette, professor da Univali, destaca ainda que a verticalização intensa pode criar “cânions urbanos”, áreas onde a circulação de ar é restrita e a poluição se concentra, afetando o conforto e a saúde dos moradores.
A construtora FG Empreendimentos, responsável pelo projeto, afirmou que todos os dados sobre o “Triumph Tower” serão divulgados após o lançamento, previsto para o segundo semestre de 2024. Enquanto isso, a prefeitura de Balneário Camboriú afirmou que o projeto está em análise e um posicionamento será emitido em breve.