Daniel Drexler chega a 6 capitais brasileiras para turnê de encerramento de seu nono álbum
Artista uruguaio vai passar por São Paulo, Florianópolis, Curitiba, Belo Horizonte e Porto Alegre entre Maio e Julho
Daniel Drexler (@drexler.daniel) anuncia turnê de encerramento do seu nono disco, “La voz de la diosa Entropía”, em cinco cidades brasileiras, além de apresentações na Argentina, Chile e Espanha. Com um longo caso de amor com o Brasil, está ansioso por voltar ao país – a última vez foi em 2022, quando passou por São Paulo e Porto Alegre. Já agora, as datas seguem: 04 e 05 de Maio, em São Paulo (SP), no Sesc Pompéia, com participação de Bruna Caram, 12 de junho em Florianópolis (SC), 14 em Curitiba (PR), 16 em Belo Horizonte (MG). E no mês seguinte encerra a série de shows pelo país em Porto Alegre, no dia 03.
Para se despedir do álbum, ele apresenta um show solo apenas com seu violão. Em tempos de tantos recursos tecnológicos, Daniel se propõe a um novo formato de show: “não depender de programações, não depender de pedais, não depender de nada. É um desafio grande, eu estou com muito medo, porque, na verdade, é como subir nu num palco. É pior que subir nu. Eu poderia subir nu sem problema”.
E o processo de montar o show tem sido bastante rico: “Passei a mergulhar dentro das músicas com muito, muito foco: no jeito em que eu canto, no jeito que eu toco, no tempo em que eu toco essas canções e começaram a acontecer coisas muito interessantes, muito mágicas, como viagens com canções que já toquei mil vezes, mas que foram ganhando outras formas. Meu desafio, e não sei se vou atingir esse ponto, é conseguir fazer essa viagem em cima do palco e levar a plateia junto”, diz o artista que, no álbum, fala sobre a relação com o caos e a ordem e, consequentemente, a busca pelo equilíbrio.
La voz de la diosa Entropía (Altafonte/Mapa Music) é o nono disco de Daniel Drexler, lançado em 2022. Com oito canções, o álbum transita entre o Pop, Candombe, Reggae e arranjos orquestrados. Drexler recebeu um dos principais prêmios da música uruguaia, o Prêmio Graffiti de la Música Uruguaya de Melhor Single Pop do Ano (2023) pela canção-título La voz de la Diosa Entropía, que conta com participação especial de Kevin Johansen, e Vitor Ramil em Y de pronto.
Fascinado pelo conceito científico e filosófico de que o mundo tende a desordem, o cantor personifica a conhecida lei da física em uma figura feminina e sagrada, que inspirou o caráter existencial do projeto. Em La voz de la diosa Entropía, ele reinventa o Olimpo dos deuses gregos e os substitui pelas grandes leis da física que regem o universo.
Médico de formação, conta que acompanha com entusiasmo o encontro entre arte, ciência e religião e revela: “foi a partir dessa intersecção que surgiu a ideia de falar de uma deusa. Como se a lei da física quântica, a lei da entropia, fosse uma deusa na verdade. Como se tivéssemos um Olimpo moderno onde, em vez de morar Zeus e Dionísio e Afrodite, ali moram a lei da Gravidade de Newton, a lei da Relatividade Especial de Einstein, a lei da entropia. E a lei da entropia é a deusa suprema. É como Zeus no Olimpo dos Gregos. Por quê? Porque não tem nenhuma outra lei da história da ciência que tenha um grau de consenso tão forte na academia. Praticamente todos os cientistas e filósofos falam que talvez essa seja a única lei da ciência que nunca vai deixar de ser certa. E é uma lei muito simples que diz: ‘As coisas, quando elas estão em liberar sua própria evolução, tendem-se a desorganizar’”, explica.
Questionado se, ao chegar no final da divulgação do disco, sente que o público compreendeu a mensagem do álbum, Daniel acredita que sim, até porque sentiu por parte das pessoas questões muito semelhantes:
“Esse tipo de preocupação está muito presente. Qual é a relação que a gente tem com o caos? Qual é a relação que a gente tem com a ordem? Qual é o equilíbrio que cada um de nós tem que procurar para levar uma vida plena, para conseguir ao menos espaços de felicidade? A vida permanente tem que ter essa relação entre uma quantidade certa de caos e de ordem. E quando você atinge um equilíbrio preciso nessas duas quantidades, tudo começa a ser maravilhoso.
Mas ninguém tem a fórmula de qual é esse equilíbrio. É um equilíbrio que cada um de nós tem que achar. E é difícil de achar. E não é uma coisa que você atinge uma vez e fica para toda a vida. Não, não, não. Às vezes você consegue chegar ali, consegue morar numa situação maravilhosa. E dois, três meses depois, você está de novo nessa angústia, nessa ansiedade de ‘ui, não, demasiada ordem, não, demasiado caos, como consigo’… É um equilíbrio dinâmico. E o que se fala de equilíbrio dinâmico é que você está o tempo inteiro se movendo. É como dirigir um barco. Você não vai em linha reta”.
Fazendo uma linha do tempo entre os primeiros shows da turnê, em 2022, até esta fase final, Daniel comenta: “acho que foi um processo que foi sendo levado até este ponto em que eu cheguei agora. No início do disco, estava somente com o Martin Pisano me acompanhando no palco, ele toca teclado e dispara programações do Ableton. E também tem a particularidade de que, já desde os primeiros shows, não uso nenhum cabo. É tudo sem fio, aqui nos ouvidos, e um microfone à minha frente. O violão também não está ligado. Ele está apenas microfonado. Então eu consigo uma naturalidade em cima do palco. Que se eu quiser parar e ir pra lá e cantar daquele lado e voltar para o outro lado, é muito natural. Tudo isso começou a acontecer nos shows de apresentação de La Voz de la Diosa. Acho que agora eu estou chegando como uma espécie de quando você faz uma destilação de cachaça e está procurando as gotas: estou chegando àquele ponto do máximo elixir”.
Em São Paulo, Daniel terá a participação da multiartista Bruna Caram nos dias 03 e 04 de Maio, no SESC Pompeia, numa viagem da milonga ao cancioneiro popular brasileiro. O encontro entre eles se deu através de amigos em comum (Tó Brandileone, Jota Pe, Pedro Altério, Paulo Novaes), em La Serena, no Uruguai.
Ao passar dos anos, a admiração recíproca foi crescendo e agora se encontram pela primeira vez no palco. “Receber este convite do Dani Drexler para participar do show dele aqui no Brasil, na minha cidade, foi uma honra irrecusável. Além de eu amar muito a família Drexler e especialmente o Dani, que sempre me recebeu muito bem lá no Uruguai, que me trouxe oportunidades maravilhosas, que é um grande compositor e também um grande amigo. E, além de tudo, essas duas datas vão acontecer na unidade do SESC que mais visitei durante minha vida, fui nos shows dos meus grandes ídolos, fiz estreias neste SESC, neste teatro, já cantei com muitos ídolos lá e dessa vez vou cantar com meu ídolo e amigo. Convido todo mundo pra assistir esse encontro mágico, como sempre é. E tá mais do que na hora de celebrar a música latino-americana e as pontes com nossos hermanos”.
Bruna Caram é uma artista multifacetada, atuando como cantora, compositora, instrumentista, atriz e preparadora vocal. Nasceu em uma família musical, neta de Jamil Caram, violonista de choro, e Maria Piedade, cantora da era do rádio. Sua carreira solo decolou em 2006 com o álbum “Essa Menina,” com destaque para a faixa “Palavras do Coração,” que se tornou um enorme sucesso nas rádios de MPB no Brasil. Ao longo de sua carreira, Bruna lançou sete álbuns, incluindo o mais recente, “Afeto e Luta: Bruna Caram canta Gonzaguinha”, com participações notáveis, como Zeca Baleiro, Leila Pinheiro, Preta Ferreira e Renato Braz.