O rapper e compositor Fábio Danillo dos Santos, o Risco, faleceu na noite de sexta-feira (19), aos 28 anos, em um acidente de trânsito na cidade de Hortolândia, São Paulo. O mestre de cerimônias, cientista social e educador teve sua vida interrompida tragicamente quando a moto que conduzia foi atingida por um carro em uma rodovia.

Nascido em Olinda, Pernambuco, e criado em Artur Nogueira (SP) Risco deixou sua marca tanto na cena musical quanto no meio acadêmico. Desde a infância, demonstrou talento para a música, iniciando suas primeiras composições aos nove anos de idade. Influenciado pela rica herança da música negra nacional e internacional, Risco rapidamente se destacou, lançando seu primeiro EP, intitulado “Liberdade”, aos treze anos, sob a produção de Juninho Sarpa.

Sua jornada musical foi marcada por vitórias em competições de hip-hop e festivais, recebendo reconhecimento como personalidade do ano em Artur Nogueira por sua contribuição para o crescimento da cultura local. Em 2017, lançou o álbum “Contraste”, refletindo suas experiências como trabalhador e estudante em busca do acesso à universidade pública. Foi durante seus estudos na Unicamp, onde estudou em Ciências Sociais, que adotou o nome artístico “Risco”, inspirado em suas raízes no graffiti.

“Tive a honra de estar presente em várias das suas conquistas, e uma das que mais me marcam foi a primeira vez que subimos num palco pra cantar no Festival de Hip Hop”, conta Andrew Henrique, amigo de Risco.

Risco não apenas deixou sua marca na música, mas também como produtor musical. Seus trabalhos, incluindo o EP “Vitamina C” de 2020, e colaborações para o mundo do rap como “Colorir” e “My People Say”, demonstraram sua versatilidade e sua capacidade de dialogar com diferentes gêneros musicais.

Além de sua contribuição para a cena musical, Risco também desempenhou um papel fundamental na criação e desenvolvimento de coletivos culturais em São Paulo, incluindo o Coletivo Modtrip e o Coletivo Perifarte.

Foto: reprodução

No dia em que o Hip Hop é homenageado, Risco compartilhou sua gratidão pela cultura que o moldou: “Quem conhece minha caminhada sabe há quanto tempo o Hip-Hop é minha sina, desses 50 anos eu fui abençoado com a oportunidade de participar de 19 deles. Digo oportunidade porque não estou fazendo favor nenhum à cultura, o Hip-Hop me salvou, me fez ser quem eu sou, me colocou até mesmo dentro de uma universidade pública. Sou grato por toda riqueza de espírito, olhar e sensibilidade que a cultura me deu e vejo como meu dever passar adiante.”

Neste domingo (21), fãs, amigos e familiares se despedem de Risco no Cemitério Municipal de Artur Nogueira, a partir das 9 horas, em uma emocionante homenagem à vida e ao legado desse talentoso artista e pensador. Sua partida deixa uma lacuna na comunidade, mas seu impacto duradouro será lembrado e celebrado para sempre.

“Quando as pessoas tinham a oportunidade de contemplar o talento do Fabinho, entendiam imediatamente que se tratava de alguém excepcional, incomum, fora da curva. Ele transitava da métrica precisa à melodia gingada, ia das letras carregadas de crítica social genuína ao carisma no sorriso, o qual jamais esqueceremos. O Fabinho é destes seres que marcam pela profunda capacidade de tornar esse mundo um lugar melhor”, afirma Norton Rocha, jornalista local e amigo. “Acompanhei de perto o início da carreira dele em Artur. E participamos juntos do Coletivo Modtrip”, conta.

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