Por Lilianna Bernartt

O ano de 2024 é marcado pelos 60 anos do Golpe de 1964, responsável por instaurar uma ditadura militar no Brasil durante mais de duas décadas.

O documentário “Terra Revolta: João Pinheiro Neto e a reforma agrária” aborda a relação entre o advogado e jornalista João Pinheiro Neto e os movimentos de renovação do trabalho e ocupação do campo rural no País durante os anos 1960, mostrando a luta de Pinheiro Neto para implementar políticas de renovação do trabalho e distribuição de terras rurais, atitude vista como subversiva pelos seus opositores e que custou seu encarceramento após o Golpe Militar de 1964.

O longa reúne arquivos pessoais de João Pinheiro Neto e documentos históricos, além de depoimentos de historiadores, pesquisadores, ex-ministros, amigos e familiares do político, e propõe a discussão sobre a desconcentração de riquezas e a necessidade de equilíbrio social numa sociedade brasileira pouco igualitária.

O filme conta com a produção do filho de Pinheiro Neto, que disse: “O que me levou ao filme foram o meu total desconhecimento da atuação política do meu pai durante o Governo Jango e a frustração dele nos anos que se seguiram ao golpe. Para mim, ele foi, sobretudo, um sonhador, alguém que brigou com antigos apoiadores, perdeu amigos e foi incompreendido por todos os lados por querer alterar a situação do país”.

A direção é assinada por Bárbara Goulart e Caio Bortolotti. Bárbara, neta de Jango, afirmou que a proximidade pessoal com a história modificou o entendimento acerca do momento político em questão: “O grande diferencial do nosso filme é que ele acabou se tornando uma jornada particular de descoberta do Henrique sobre quem era o seu próprio pai. Essa situação serve também como uma denúncia dos danos causados pela ditadura militar tanto nos âmbitos públicos quanto pessoais. A ditadura afetou não apenas aqueles perseguidos diretamente por ela, mas também o círculo familiar de diversas pessoas. Eu, como neta de um perseguido político, me senti muito próxima da história porque, apesar de não ter vivido a ditadura militar, sinto que ela também me afetou de diversas maneiras”, conta a diretora.

O filme tem previsão de estreia em maio nos cinemas.