Bolsonaro mentiu 575 vezes sobre vacinas durante mandato, aponta agência de checagem Aos Fatos
A disseminação de desinformação incluiu ataques à segurança e eficácia das vacinas, classificando-as como “emergenciais” ou “experimentais” em ao menos 39 ocasiões, ignorando os rigorosos testes pelos quais passaram
Nesta terça-feira (19), a Polícia Federal anunciou o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e outras 16 pessoas por envolvimento em um esquema de fraude em certificados de vacinação contra a Covid-19. Esta acusação reflete a retórica negacionista adotada pelo ex-presidente ao longo de seu mandato, onde dados indicam que mentiu ao menos 575 vezes sobre as vacinas contra o vírus, como aponta a agência de checagem Aos Fatos.
O contador de declarações falsas e enganosas de Bolsonaro, mantido pelo Aos Fatos entre 2019 e 2022, revelou que, na estratégia de desinformação sobre a vacina, os principais argumentos buscavam justificar ações do governo e blindar de críticas. Entre as falácias mais propagadas estava a menção às negociações da vacina indiana Covaxin, com Bolsonaro alegando em pelo menos 68 ocasiões que não houve corrupção no caso, embora irregularidades contratuais tenham sido apontadas.
Além disso, Bolsonaro distorceu dados sobre a posição do Brasil no ranking de vacinação em pelo menos 57 ocasiões, e justificou o atraso na compra de imunizantes da Pfizer com informações falsas sobre a aprovação da Anvisa e sobre aquisições feitas por outros países em 2020.
A disseminação de desinformação incluiu ataques à segurança e eficácia das vacinas, classificando-as como “emergenciais” ou “experimentais” em ao menos 39 ocasiões, ignorando os rigorosos testes pelos quais passaram. Também propagou a falsa alegação de que as vacinas poderiam causar Aids em oito ocasiões, levando-o a ser alvo de um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF).
Outro ponto crucial foi a declaração de Bolsonaro sobre seu próprio estado vacinal, afirmando em 17 ocasiões que não precisava se vacinar por já ter contraído a Covid-19. Essa afirmação desconsidera a necessidade da vacinação para prevenir o agravamento da doença, especialmente diante da imunidade adquirida pela infecção, que é menos eficiente e duradoura.
As afirmações enganosas sobre os imunizantes representam apenas 8,5% de todas as mentiras ditas por Bolsonaro durante seu mandato, segundo levantamento do Aos Fatos, que contabilizou 6.676 declarações falsas ou distorcidas ao longo dos quatro anos de governo, uma média de 4,58 por dia.