Por Victor Meira

A academia do Oscar se propõe a valorizar todas as vertentes das artes cinematográficas. É por isso que a cada edição eles mudam regras, trazem novos membros, mudam o formato e a ordem das categorias na cerimônia. Apesar de sempre haver mudanças, em toda edição os principais indicados são filmes de ficção em live action.

A cada ano algumas linguagens cinematográficas ficam restritas à sua “própria categoria”. Dos 10 indicados a Melhor Filme, nenhum destes é uma animação. Ou um documentário, ou um curta-metragem.

O problema repercute não apenas na categoria principal, mas nas técnicas também. O mesmo ocorreu em Melhor Fotografia, Edição, Direção, Efeitos Visuais, Trilha Sonora, Som, etc. Nenhuma dessas categorias tem animações ou documentários.

Na história da premiação, apenas três filmes animados concorreram em Melhor Filme: A Bela e a Fera (1991), Up – Altas Aventuras (2009) e Toy Story 3 (2010). Historicamente, as animações já ganharam prêmios honorários – como A Branca de Neve em 1938 – e costumam ser indicadas na categoria Canção Original, principalmente em musicais da Walt Disney. Alguns destes também já concorreram em categorias de roteiro, como Procurando Nemo, Os Incríveis, Ratatouille, entre outros.

Foto: reprodução

Já os documentários costumam ficar mais privados em suas categorias. Mas às vezes acontece um caso como de Flee (2021) que conseguiu uma tripla indicação histórica. Concorreu nas categorias de Melhor Documentário, Melhor Animação e Melhor Filme Internacional.

Enquanto os curta-metragens passam por uma outra dificuldade: De acordo com as regras desta 96ª edição no site da Academia de Artes Cinematográficas, os filmes curtos ficam restritos às suas próprias categorias. Na grande maioria das nomeações, uma obra para ser indicada ao Oscar deve ter no mínimo 40 minutos de duração. Exceto nas nomeações de Melhor Curta de Ficção, Melhor Curta Documentário e Melhor Curta de Animação. Também não é especificada nas categorias musicais se há alguma regra em relação à duração do filme.

A falta de reconhecimento dessas linguagens cinematográficas nas categorias principais já foi pauta de discussão na mídia. Em junho do ano passado, a Variety publicou um artigo defendendo que Homem Aranha Através do Aranhaverso, que está indicado este ano em Melhor Animação, deveria ser um candidato a Melhor Filme.

“Com muita frequência em Hollywood, profissionais da indústria falam sobre filmes como “Através do Aranhaverso” dizendo: “É bom, mas não é um filme de Oscar.” Infelizmente, esse tipo de qualificador ridículo significa que, em vez de honrar os clássicos animados que moldaram tantas infâncias, fomos inundados com uma superabundância de filmes de guerra, biografias e épicos expansivos com mais de três horas ganhando o prêmio de Melhor Filme.” escreveu o colunista Clayton Davis para o site.

Ao ganhar o Oscar de Melhor Animação ano passado com Pinocchio, Guillermo del Toro também defendeu este reconhecimento: “Animação é cinema. Animação não é um gênero. A animação está pronta para dar o próximo passo. Estamos todos prontos para isso. Mantenha a animação na conversa.”

Texto produzido em cobertura colaborativa da Cine NINJA – Especial Oscar 2024